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É mentira que você não mentiu neste teste! Você não mente nunca, nunquinha mesmo?
Você tenta desviar do assunto e não mentir muito, mas também não fala sempre a verdade nua e crua na cara das pessoas.
Não se assuste. Você, como a maioria das pessoas, responde com mentiras "leves" para não causar problemas sociais e nos relacionamentos.
Por Lilian Ferreira
Eu, você e todo mundo mente. E mente muito. O quanto exatamente varia. Uma pesquisa diz que uma pessoa mente em uma a cada quatro interações sociais: outra, que mesmos aqueles que dizem não mentir falam uma inverdade a cada dez minutos: uma terceira afirma que contamos de 10 a 100 mentiras por dia!Ok, são 200, não vamos pegar pesado logo de cara
"A maior mentira é dizer que não mente", afirma a psicóloga Monica Portella. E por que mentimos tanto? A resposta de especialistas é clara; para conviver melhor com os outros e com nós mesmos.
Mentiras leves são aceitas e até obrigatórias em algumas situações. "Temos os rituais de cumprimento. Somos obrigados a agir com polidez, caso contrário, você pode ser tachado de insensível", explica o psicólogo Ailton Amélio, professor da USP (Universidade de São Paulo).
Amélio diz que há uma pressão interna para sermos cordiais e, por isso, muitas vezes mentimos ao dizer que uma mulher não está feia com a roupa escolhida ou que sentimos muito quando alguém conta uma notícia ruim, mesmo sem qualquer comoção genuína.
Segundo o sociólogo Erving Goffman, nós desviamos da realidade 95% do tempo. Nós interpretamos papéis. Do ponto de vista evolutivo, desenvolver fórmulas para enganar o outro foi uma tática bem sucedida para a sobrevivência da espécie.
Homens mentem pela própria imagem; mulheres, para oferecer bem-estar
Pesquisa de Robert Feldman, da Universidade de Massachussetts
Claro, a mentira não é válida para TUDO o que falamos, senão sempre desconfiaríamos do que nos é dito. Por isso, seguimos também o princípio cooperativo que nos orienta a não afirmar nada que seja deliberadamente falso.
Além de querer evitar o conflito, sempre inventamos algo ao perceber que nossa autoestima pode ser prejudicada. Dizer que ganha mais, que conhece o assunto que está em discussão ou que muitas pessoas estão interessadas em você são alguns exemplos. Essas são as mentiras leves ou brancas, que não têm por fim prejudicar alguém. Amélio diz que a maioria das mentiras atenua ou exagera a verdade.
Bruno Simões, professor de Pensamento Crítico e Ética do Insper, acredita que a mentira é uma prática intencional. Para ele, estamos inseridos num quadro social do qual a mentira já faz parte.
Simões dá como exemplo uma criança que mente antes mesmo de desenvolver a linguagem. O bebê descobre que ele consegue coisas a partir do choro, seja a emoção verdadeira ou não. Com dois ou três anos as crianças já dispõem de um farto repertório de manipulações, fingimentos e mentiras.
Brasileiros mentem melhor que as mulheres, mas as brasileiras são melhores em descobrir uma mentira
Pesquisa de Monica Portella, da PUC-RJ
Por Lilian Ferreira
Eu, você e todo mundo mente. E mente muito. O quanto exatamente varia. Uma pesquisa diz que uma pessoa mente em uma a cada quatro interações sociais; outra, que mesmos aqueles que dizem não mentir falam uma inverdade a cada dez minutos; uma terceira afirma que contamos de 10 a 100 mentiras por dia! [Ok, são 200, não vamos pegar pesado logo de cara]
"A maior mentira é dizer que não mente", afirma a psicóloga Monica Portella. E por que mentimos tanto? A resposta de especialistas é clara; para conviver melhor com os outros e com nós mesmos.
Mentiras leves são aceitas e até obrigatórias em algumas situações. "Temos os rituais de cumprimento. Somos obrigados a agir com polidez, caso contrário, você pode ser tachado de insensível", explica o psicólogo Ailton Amélio, professor da USP (Universidade de São Paulo).
Amélio diz que há uma pressão interna para sermos cordiais e, por isso, muitas vezes mentimos ao dizer que uma mulher não está feia com a roupa escolhida ou que sentimos muito quando alguém conta uma notícia ruim, mesmo sem qualquer comoção genuína.
Segundo o sociólogo Erving Goffman, nós desviamos da realidade 95% do tempo. Nós interpretamos papéis. Do ponto de vista evolutivo, desenvolver fórmulas para enganar o outro foi uma tática bem sucedida para a sobrevivência da espécie.
Homens mentem pela própria imagem; mulheres, para oferecer bem-estar
Pesquisa de Robert Feldman, da Universidade de Massachussetts
Claro, a mentira não é válida para TUDO o que falamos, senão sempre desconfiaríamos do que nos é dito. Por isso, seguimos também o princípio cooperativo que nos orienta a não afirmar nada que seja deliberadamente falso.
Além de querer evitar o conflito, sempre inventamos algo ao perceber que nossa autoestima pode ser prejudicada. Dizer que ganha mais, que conhece o assunto que está em discussão ou que muitas pessoas estão interessadas em você são alguns exemplos. Essas são as mentiras leves ou brancas, que não têm por fim prejudicar alguém. Amélio diz que a maioria das mentiras atenua ou exagera a verdade.
Bruno Simões, professor de Pensamento Crítico e Ética do Insper, acredita que a mentira é uma prática intencional. Para ele, estamos inseridos num quadro social do qual a mentira já faz parte.
Simões dá como exemplo uma criança que mente antes mesmo de desenvolver a linguagem. O bebê descobre que ele consegue coisas a partir do choro, seja a emoção verdadeira ou não. Com dois ou três anos as crianças já dispõem de um farto repertório de manipulações, fingimentos e mentiras.
Brasileiros mentem melhor que as mulheres, mas as brasileiras são melhores em descobrir uma mentira
Pesquisa de Monica Portella, da PUC-RJ
Pesquisa de Lusha Zhu, do Instituto de Pesquisa Virginia Tech Carilion
E quais seriam as razões para mentir? A filosofia debate o tema desde os egípciosGrego, né? Essa era só para ver se você estava prestando atenção!, com Platão. Há a face política (a vida coletiva), a psicológica (a vida individual) e a ética (a vida comum).
Na política, a mentira foi tratada em "A República", de Platão. O filósofo diz que ela é necessária para que os homens possam conviver. Afirma também que uns nascem para mandar e outros para obedecer. Parte do pressuposto de que as pessoas comuns não estão preparadas para saber o que ocorre na política.
Já na psicologia, Freud sustenta que a vida seria insuportável caso não mentíssemos. Imagine a quantidade de brigas e desavenças que aconteceriam se você falasse a verdade o tempo todo. Mentimos para enfrentar a realidade e para atrair a atenção do outro. Também criamos novas versões, ficções e deturpações da realidade que cumprem um papel psíquico para nós mesmos.
No terreno da ética, entram as mentiras contadas geralmente para o próprio benefício, autopromoção ou até para destruir um concorrente. Você tem autonomia para escolher se vai mentir ou não.
E é nesse contexto que a mentira se torna mais difícil, quando há chance de consequências graves. Exige uma reflexão do custo benefício da atitude. É normal mentir para um desconhecido, mas quando são envolvidas pessoas íntimas a mentira pode tomar outra proporção.
O cérebro ainda se considera 'honesto' quando ajuda a contar pequenas mentiras. Com grandes mentiras, não
Pesquisa de Dan Ariely com pessoas que mentiam menos quanto maior era a recompensa
"Quando a gente não se sente tão íntimo a gente desvia da verdade. Já nas relações há um contrato de honestidade, de um amigo contar a verdade para o outro, por exemplo", diz Amélio.
Pamela Meyer escreve em "Liespotting" que nós mentimos mais para desconhecidos do que para pessoas que conhecemos. Estranhos mentem em média três vezes nos 10 primeiros minutos de conversa. Casais, uma vez a cada 10 interações.
De acordo com Christian Dunker, professor de psicologia da USP, homens pensam no objetivo do ato de mentir, qual a finalidade: já as mulheres enxergam o porquê, consideram a razão mais importante.
"Mentimos para ser e mentimos para ter. Mentimos porque queremos passar do desejo de reconhecimento ao reconhecimento do desejo (quando o outro reconhece nosso desejo e mente para atendê-lo, no caso da mentira branca). Mas também o contrário, quando reconhecemos um desejo e queremos algum reconhecimento como é o caso da mentira maldosa", afirma Dunker.
Num extremo, a mentira vira uma compulsão quando a pessoa mente sem saber por que, e as mentiras se tornam tão absurdas que não mantêm nenhuma relação com a verdade. Nesse contexto, a área do julgamento não é ativada normalmente no cérebro do mentiroso.
A honestidade precisa de tempo. Quando você não tem tempo para pensar, é comum mentir mais
Pesquisa de Shaul Shalvi, da Universidade de Amsterdam
E quais seriam as razões para mentir? A filosofia debate o tema desde os egípcios [Grego, né? Essa era só para ver se você estava prestando atenção!], com Platão. Há uma face política (a vida coletiva), psicológica (a vida individual), e ética (a vida comum).
Na política, a mentira foi tratada em "A República", de Platão. O filósofo diz que ela é necessária para que os homens possam conviver. Afirma também que uns nascem para mandar e outros para obedecer. Parte do pressuposto de que as pessoas comuns não estão preparadas para saber o que ocorre na política.
Já na psicologia, Freud sustenta que a vida seria insuportável caso não mentíssemos. Imagine a quantidade de brigas e desavenças que aconteceriam se você falasse a verdade o tempo todo. Mentimos para enfrentar a realidade e para atrair a atenção do outro. Também criamos novas versões, ficções e deturpações da realidade que cumprem um papel psíquico para nós mesmos.
No terreno da ética, entram as mentiras contadas geralmente para o próprio benefício, autopromoção ou até para destruir um concorrente. Você tem autonomia para escolher se vai mentir ou não.
E é nesse contexto que a mentira se torna mais difícil, quando há chance de consequências graves. Exige uma reflexão do custo benefício da atitude. É normal mentir para um desconhecido, mas quando são envolvidas pessoas íntimas a mentira pode tomar outra proporção.
O cérebro ainda se considera 'honesto' quando ajuda a contar pequenas mentiras. Com grandes mentiras, não
Pesquisa de Dan Ariely com pessoas que mentiam menos quanto maior era a recompensa
"Quando a gente não se sente tão íntimo a gente desvia da verdade. Já nas relações há um contrato de honestidade, de um amigo contar a verdade para o outro, por exemplo", diz Amélio.
Pamela Meyer escreve em "Liespotting" que nós mentimos mais para desconhecidos do que para pessoas que conhecemos. Estranhos mentem em média três vezes nos 10 primeiros minutos de conversa. Casais, uma vez a cada 10 interações.
De acordo com Christian Dunker, professor de psicologia da USP, homens pensam no objetivo do ato de mentir, qual a finalidade: já as mulheres enxergam o porquê, consideram a razão mais importante.
"Mentimos para ser e mentimos para ter. Mentimos porque queremos passar do desejo de reconhecimento ao reconhecimento do desejo (quando o outro reconhece nosso desejo e mente para atendê-lo, no caso da mentira branca). Mas também o contrário, quando reconhecemos um desejo e queremos algum reconhecimento como é o caso da mentira maldosa", afirma Dunker.
Num extremo, a mentira vira uma compulsão quando a pessoa mente sem saber por que, e as mentiras se tornam tão absurdas que não mantêm nenhuma relação com a verdade. Nesse contexto, a área do julgamento não é ativada normalmente no cérebro do mentiroso.
A honestidade precisa de tempo. Quando você não tem tempo para pensar, é comum mentir mais
Pesquisa de Shaul Shalvi, da Universidade de Amsterdam
Pesquisa de Joshua Greene, da Universidade de Harvard
Preste atenção; Nem sempre o que você vê é a realidade
O cérebro mente ao fazer você ouvir um som que não é o emitido
O cérebro interpreta a realidade e apresenta uma ilusão
Assista a pelo menos um dos vídeos ao lado antes de ler o texto. Assim, é mais fácil perceber como o cérebro engana nossa percepção do mundo chamado de real. Nós não vemos o que está ali, mas sim o que nosso cérebro quer que vejamos. A mesma coisa acontece com nossos outros sentidos. Não vemos a realidade para viver melhor.
Muitos animais enganam outros para sobreviver, mas só o humano consegue mentir para os outros esperando o engano, além de enganar a si próprio de uma maneira que a mentira passa a ser realidade para ele.
Nos anos 70, a gorila Koko mentiu usando a linguagem de sinais. Ela arrancou uma pia da parede de sua jaula e, ao ser questionada, acusou um dos seus gatos de estimação
As pessoas fingem para manipular a percepção geral sobre elas, o que geralmente as torna incapazes de separar o que é verdade e ficção, afirma pesquisa de Robert Feldman, autor do livro "Quem é o Mentiroso da Sua Vida?".
Professor de psicologia da USP, Christian Dunker lembra um trecho da "Poesia e Verdade", de Goethe, como uma "história clássica que parece conter a essência humana da mentira".
"Goethe descobre que o descompasso entre o ser e o querer é a fonte maior da mentira, inclusive da pior mentira, aquela que não reconhecemos como tal. Aquela que erigimos contra nós mesmos", explica.
O conceito básico de mentira pressupõe dizer a alguém algo que é contrário ao que se pensa, percebe ou acredita. Mas isso significa dizer que este alguém realmente sabe o que pensa, quer ou acredita. E, além de pensar, querer e acreditar em coisas diferentes em momentos diferentes e com pessoas diferentes, muitas vezes nós mesmos não temos essas respostas.
Assim, ao contarmos mentiras para melhorar nossa imagem perante o outro, acreditamos um pouco na nossa mentira e, para piorar, usamos o que o outro acha de nós para criarmos nossa autoimagem e a passamos para frente em looping.
"Descobrirmos o que temos e somos coletivamente. Mas nós mesmos não sabemos bem quando estamos mentindo quando o assunto é nós mesmos. Há uma série de experimentos que mostram como nossa percepção de nós mesmos, de nossos valores, de nossos princípios e de nossa imagem é, geralmente, muito, mas muito assustadoramente distorcida", diz Dunker.
De acordo com o psicólogo Ailton Amélio, geralmente quem tem autoestima elevada se acha "mais do que é". Já quem tem uma baixa autoestima, mas não exagerada, tem uma percepção mais próxima da realidade. "A gente não tem autoimagem porque os outros fingem nas reações com a gente".
O filme "Ele Não Está Tão a Fim de Você" retrata esta estrutura no amor. Nele cada personagem feminina recebe uma mensagem "equivocada" sobre o interesse de seu pretendente. Ele diz que vai ligar e não liga, ele faz uma gentileza e a mocinha já acha que é sinal da paixão mais verdadeira. Por mais que a realidade prove o contrário, as mulheres do filme insistem em não enxergá-la e mantêm o autoengano pensando que ele teve um problema e por isso não ligou, ou que uma reação fria é apenas algum problema no trabalho.
Você, por exemplo, quando está a fim de alguém e ele não dá as caras há um tempo, o que faz?
Liga para aquela amiga que sabe que vai dizer para ligar agora, pois é isso o que você quer fazer, mas precisa da amiga para validar sua decisão?
Você liga para aquela amiga que vai dizer para esperar, mesmo você sabendo que vai ligar, até porque o que você quer é alguém para te reprovar e amplificar sua culpa?
De todo modo você se autoenganou, seja buscando a amiga que iria falar o que você quer ouvir ou criando uma situação para que, se tudo desse errado, você já soubesse disso.
Preste atenção; Nem sempre o que você vê é a realidade
O cérebro mente ao fazer você ouvir um som que não é o emitido
O cérebro interpreta a realidade e apresenta uma ilusão
Assista a pelo menos um dos vídeos ao lado antes de ler o texto. Assim, é mais fácil perceber como o cérebro engana nossa percepção do mundo chamado de real. Nós não vemos o que está ali, mas sim o que nosso cérebro quer que vejamos. A mesma coisa acontece com nossos outros sentidos. Não vemos a realidade para viver melhor.
Muitos animais enganam outros para sobreviver, mas só o humano consegue mentir para os outros esperando o engano, além de enganar a si próprio de uma maneira que a mentira passa a ser realidade para ele.
Nos anos 70, a gorila Koko mentiu usando a linguagem de sinais. Ela arrancou uma pia da parede de sua jaula e, ao ser questionada, acusou um dos seus gatos de estimação
As pessoas fingem para manipular a percepção geral sobre elas, o que geralmente as torna incapazes de separar o que é verdade e ficção, afirma pesquisa de Robert Feldman, autor do livro "Quem é o Mentiroso da Sua Vida?".
Professor de psicologia da USP, Christian Dunker lembra um trecho da "Poesia e Verdade", de Goethe, como uma "história clássica que parece conter a essência humana da mentira".
"Goethe descobre que o descompasso entre o ser e o querer é a fonte maior da mentira, inclusive da pior mentira, aquela que não reconhecemos como tal. Aquela que erigimos contra nós mesmos", explica.
O conceito básico de mentira pressupõe dizer a alguém algo que é contrário ao que se pensa, percebe ou acredita. Mas isso significa dizer que este alguém realmente sabe o que pensa, quer ou acredita. E, além de pensar, querer e acreditar em coisas diferentes em momentos diferentes e com pessoas diferentes, muitas vezes nós mesmos não temos essas respostas.
Assim, ao contarmos mentiras para melhorar nossa imagem perante o outro, acreditamos um pouco na nossa mentira e, para piorar, usamos o que o outro acha de nós para criarmos nossa autoimagem e a passamos para frente em looping.
"Descobrirmos o que temos e somos coletivamente. Mas nós mesmos não sabemos bem quando estamos mentindo quando o assunto é nós mesmos. Há uma série de experimentos que mostram como nossa percepção de nós mesmos, de nossos valores, de nossos princípios e de nossa imagem é, geralmente, muito, mas muito assustadoramente distorcida", diz Dunker.
De acordo com o psicólogo Ailton Amélio, geralmente quem tem autoestima elevada se acha "mais do que é". Já quem tem uma baixa autoestima, mas não exagerada, tem uma percepção mais próxima da realidade. "A gente não tem autoimagem porque os outros fingem nas reações com a gente".
O filme "Ele Não Está Tão a Fim de Você" retrata esta estrutura no amor. Nele cada personagem feminina recebe uma mensagem "equivocada" sobre o interesse de seu pretendente. Ele diz que vai ligar e não liga, ele faz uma gentileza e a mocinha já acha que é sinal da paixão mais verdadeira. Por mais que a realidade prove o contrário, as mulheres do filme insistem em não enxergá-la e mantêm o autoengano pensando que ele teve um problema e por isso não ligou, ou que uma reação fria é apenas algum problema no trabalho.
Você, por exemplo, quando está a fim de alguém e ele não dá as caras há um tempo, o que faz?
Liga para aquela amiga que sabe que vai dizer para ligar agora, pois é isso o que você quer fazer, mas precisa da amiga para validar sua decisão?
Você liga para aquela amiga que vai dizer para esperar, mesmo você sabendo que vai ligar, até porque o que você quer é alguém para te reprovar e amplificar sua culpa?
De todo modo você se autoenganou, seja buscando a amiga que iria falar o que você quer ouvir ou criando uma situação para que, se tudo desse errado, você já soubesse disso.
Abaixo representamos uma cena que poderia acontecer na sua vida. Escolha um personagem na história e o que você quer que ele faça. Com a ajuda de um especialista vamos analisar as atitudes em uma situação de mentira.
Cleber Conde, linguista do departamento de Letras da UFSCar
Você acertou de 6 vídeos
Neste TAB você viu sinais que podem indicar mentira, geralmente aqueles que mostram nervosismo e tensão. Outro jeito de perceber se alguém está mentindo é reconhecendo expressões de emoções reais. É comum a pessoa tentar parecer feliz, mas não fazer uma expressão real, ou ainda apresentar características de raiva, nojo ou tristeza. Só 10% das pessoas conseguem controlar os movimentos da testa, por exemplo.
Atuar é mais do que contar uma versão de uma história, é viver, é toda a verdade para ser interpretada
Babu Santana, intérprete de Tim Maia em filmografia do cantor
Unindo esses conhecimentos, fica mais fácil desconfiar se alguém está mentindo, mas é bom lembrar que eles são só indicativos. Não acuse ninguém só baseado em um ou outro detalhe.
Qual a mentira que você mais conta?
Participe da enquetePessoas diferentes dão sinais diferentes. A análise tem de ser mais complexa e levar em consideração como a pessoa reage normalmente, seu tom de voz e postura. Ah, e a ciência diz que apaixonados são péssimos para detectar estes sinais...
A publicidade mais eficiente e criativa é aquela que fala a verdade. A verdade contada de maneira inteligente e criativa é a característica do sucesso das agências. A publicidade jamais pode mentir, enganar ou iludir
Washington Olivetto, publicitário, Chairman da WMcCann
Desconfiando da mentira, avalie quão grave ela é. Você pode usar a escala de MünchausenEssa é uma brincadeira do professor Dunker. Essa escala, que pode servir de teste, não tem esse nome. Ele criou em homenagem ao Barão de Münchausen, figura do folclore alemão conhecida pelas suas mentiras absurdas, que vai do nível 1, mais leve ou mentira branca, até o 5, a mais maligna. Veja os critérios que formam cada grau desse conceito, que pode indicar qual o perfil da mentira e do mentiroso em questão;
1. A autoironia e o jogo em torno da verdade são mais leves. É o nível sub-clínico no qual a mentira aproxima-se de uma brincadeira ou de um jogo.
2. Ela não é percebida pela pessoa que mente como uma mentira, em todas as suas implicações. O ato é "edulcorado" com expressões autoenganadoras; todo mundo faz, ou todo mundo diz.
3. É o prazer de levar vantagem, não pagar a conta, ou causar um mal estar sem ser responsabilizado por isso. A fofoca e a maledicência entram aqui também.
4. Envolve a repetição compulsiva da mentira. Uma leva a outra, construindo um castelo de cartas que o sujeito se ocupa em manter. Neste caso, tudo o que o contrarie ou desminta é recebido agressivamente como ofensa pessoal.
5. É o que a psicopatologia chamava de "mitômanos" ou "fabuladores" para os quais a mentira torna-se parte de um delírio. Ela traz todas as características anteriores acrescida do desejo de impor a mentira.
Pois é. Eu minto (pouco! Juro!), você mente (tenho certeza que também é pouco!), todo mundo mente. E isso não é tão surpreendente quanto você achava quando começou a ler este TAB, não é?
Editora de Ciência e Saúde do UOL. Quer a verdade sempre, mas mente às vezes
tabuol@uol.com.brNeste TAB você viu sinais que podem indicar mentira, geralmente aqueles que mostram nervosismo e tensão. Outro jeito de perceber se alguém está mentindo é reconhecendo expressões de emoções reais. É comum a pessoa tentar parecer feliz, mas não fazer uma expressão real, ou ainda apresentar características de raiva, nojo ou tristeza. Só 10% das pessoas conseguem controlar os movimentos da testa, por exemplo.
Atuar é mais do que contar uma versão de uma história, é viver, é toda a verdade para ser interpretada
Babu Santana, intérprete de Tim Maia em filmografia do cantor
Unindo esses conhecimentos, fica mais fácil desconfiar se alguém está mentindo, mas é bom lembrar que eles são só indicativos. Não acuse ninguém só baseado em um ou outro detalhe.
Qual a mentira que você mais conta?
Participe da enquetePessoas diferentes dão sinais diferentes. A análise tem de ser mais complexa e levar em consideração como a pessoa reage normalmente, seu tom de voz e postura. Ah, e a ciência diz que apaixonados são péssimos para detectar estes sinais...
A publicidade mais eficiente e criativa é aquela que fala a verdade. A verdade contada de maneira inteligente e criativa é a característica do sucesso das agências. A publicidade jamais pode mentir, enganar ou iludir
Washington Olivetto, publicitário, Chairman da WMcCann
Desconfiando da mentira, avalie quão grave ela é. Você pode usar a escala de Münchausen [Essa é uma brincadeira do professor Dunker. Essa escala que pode servir de teste não tem esse nome. Ele criou em homenagem ao Barão de Münchausen, figura do folclore alemão conhecida pelas suas mentiras absurdas], que vai do nível 1, mais leve ou mentira branca, até o 5, a mais maligna. Veja os critérios que formam cada grau desse conceito, que pode indicar qual o perfil da mentira e do mentiroso em questão;
1. A autoironia e o jogo em torno da verdade são mais leves. É o nível sub-clínico no qual a mentira aproxima-se de uma brincadeira ou de um jogo.
2. Ela não é percebida pela pessoa que mente como uma mentira, em todas as suas implicações. O ato é "edulcorado" com expressões autoenganadoras; todo mundo faz, ou todo mundo diz.
3. É o prazer de levar vantagem, não pagar a conta, ou causar um mal estar sem ser responsabilizado por isso. A fofoca e a maledicência entram aqui também.
4. Envolve a repetição compulsiva da mentira. Uma leva a outra, construindo um castelo de cartas que o sujeito se ocupa em manter. Neste caso, tudo o que o contrarie ou desminta é recebido agressivamente como ofensa pessoal.
5. É o que a psicopatologia chamava de "mitômanos" ou "fabuladores" para os quais a mentira torna-se parte de um delírio. Ela traz todas as características anteriores acrescida do desejo de impor a mentira.
Pois é. Eu minto (pouco! Juro!), você mente (tenho certeza que também é pouco!), todo mundo mente. E isso não é tão surpreendente quanto você achava quando começou a ler este TAB, não é?
Editora de Ciência e Saúde do UOL. Quer a verdade sempre, mas mente às vezes
tabuol@uol.com.brSegunda-feira eu começo...
É só uma amiga
Estou com dor de cabeça
Você não mudou nada
Como você está bem
Estava em promoção
Isso é tudo o que sempre quis
Foi só um beijo...
Tenho certeza que foi por causa da comida...
Não, você não está gorda
Eu falei para ele
Não chegou o seu email
Nada de errado, tá tudo bem
Eu te amo
Não bebi tanto assim
Ah, entendi
Que bebê lindo
Desculpa, perdi a ligação / mensagem
Quero enviar por:
Após passar pela nossa equipe de moderação, as melhores mentiras aparecerão aqui no TAB
Esta reportagem também contou com apoio de:
Flávio Florido, fotografia; Luiz Ribalta, design; Cristiane Spina e Beto França, produção; Eduardo Bonavita e Eduardo Piagentini, edição de vídeo. Agradecimentos: Grasiele Manhaes, Flávio Andrade, Luciana Pioto, Amanda Serra, Claudia Cotes, Raquel Vieira, Fábio Luís de Paula, Dani Costa, Cayo Corrêa, Max Galise e Bárbara França.
é um conteúdo produzido semanalmente pela equipe do UOL. Nossa missão é entregar uma experiência única e interativa com conteúdo de alta qualidade, em formatos inovadores e com total independência editorial. TAB só é possível por causa do patrocínio de algumas marcas, que também acreditam em conteúdo de qualidade. We them big time.