Facebook está criando tecnologia para 'digitar' com o cérebro
O Facebook está criando um dispositivo capaz de, literalmente, ler seus pensamento. A interface cérebro-máquina interpreta sinais cerebrais de pacientes com danos neurológicos e permitir que eles se comuniquem.
Em um estudo publicado na revista Nature Communications , cientistas da Universidade da Califórnia em São Francisco, patrocinados pelo Facebook, relatam que conduziram estudo com três pacientes com epilepsia. As pessoas se conectavam por eletrodos implantados cirurgicamente e então um algoritmo decodificava os sinais cerebrais e traduziam em palavras em tempo real. A tecnologia funcionou entre 61% e 76% das vezes.
As perguntas, no entanto, eram simples, como "a sala está boa?". O algoritmo conseguia compreender apenas um pequeno vocabulário, com palavras como "quente", "calor" ou "boa". Os cientistas alegam que pretendem ampliar o léxico e desenvolver um método menos invasivo e que não necessite de cirurgia.
O Facebook tem ambições maiores do que ajudar pessoas com problemas de saúde. Eles querem que todos possam controlar mouses, teclados, smartphones ou óculos de realidade virtual apenas com o pensamento. "Imagine um mundo em que todo o conhecimento, diversão e utilidade dos smartphones de hoje sejam instantaneamente acessíveis e não precisem de suas mãos", diz a empresa em seu blog.
Parece promessa de ficção científica, mas além do Facebook há uma série de empresas avançando nas pesquisas de desenvolvimento de interfaces cérebro-máquina. A Neuralink, de Elon Musk, por exemplo, promete funcionar já em 2020. Cientistas como o brasileiro Miguel Nicolelis, militares dos Estados Unidos e empresas como Kernel e Paradromics também estão na corrida pela criação da tecnologia.
As preocupações éticas
Apesar de promissora, a tecnologia levanta uma série de preocupações éticas. A Vox levanta ao menos cinco pontos críticos na criação do Facebook:
Privacidade
O cérebro, possivelmente, é a fronteira final da privacidade. O Facebook já utiliza nossas interações online para ter uma noção do que pensamos, sentimos e reagimos. No entanto, com um dispositivo tecnológico ligado diretamente ao cérebro, eles podem saber muito mais sobre nós. Considerando todos os escândalos de privacidade, é de se questionar quão seguros estariam nossos dados e o que a rede social poderia fazer com eles.
Revisão dos algoritmos
Algoritmos são cada vez mais sofisticados e, com isso, tornam-se caixas pretas mais complexas para quem não trabalha na empresa que os criou. Neste contexto, como confiar na qualidade da tradução que a tecnologia faz por alguém que depende dela para se comunicar? Quem poderia revisar os algoritmos para garantir que eles são justos e se expressam com fidelidade?
Mudança da norma social
O que acontece com a sociedade quando todos os pensamentos de alguém puderem ser lidos por uma máquina? O Estado poderia forçar alguém a revelar o que pensa? Nós teríamos que mostrar para nossos parceiros nossos desejos sexuais? As possibilidade são várias.
Alienamento existencial
Há questões filosóficas na jogada também: com um dispositivo desse tipo, onde começa a máquina e onde termina o ser humano? A inserção de um algoritmo no cérebro decodificando tudo o que pensamos pode nos alienar de nós mesmos? Um artigo recente na Nature discute tais questões e pergunta até que ponto seremos nós, e não a máquina, tomando decisões.
Falta de regulação
Esse é um risco que leva a todos os outros. Sem regulação, quem diz os limites da tecnologia são apenas os próprios desenvolvedores. E como o tema parece distante e complexo, tende a ser ignorado ou postergado. Mas é necessário que políticos e legisladores pensem, desde já, como cuidar da tecnologia.
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