Subterrâneos

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DEBAIXO DE SÃO PAULO

Longe dos olhos de quem passa pelas ruas movimentadas da capital paulista, há uma agitada vida subterrânea. Trabalhadores correm diariamente debaixo de algumas das principais vias da cidade, sempre em espaços de acesso restrito, para manter o andar de cima funcionando. Nesse lado de baixo, há muitas histórias que poucos conhecem.

Texto Mariana Tramontina e Paulo Terron

Fotos Flávio Florido - Design Denise Saito

Túnel da casa das caldeiras

A partir dos anos 20, quando foi inaugurada, a Casa das Caldeiras passou a ser um importante centro de geração de energia para a indústria paulistana. O complexo foi desativado décadas depois (com a ascensão das empresas de energia elétrica), tombado nos anos 80 e restaurado no fim da década seguinte. Hoje é uma associação cultural - e a fumaça, calor e fuligem dos túneis das caldeiras deram lugar a eventos e visitantes.

Os túneis das caldeiras não eram utilizados para trânsito humano. Por meio deles a fumaça era levada até as chaminés. Os funcionários só entravam ali para manutenção.

1,60m (parcial)

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Porões do theatro municipal

Diversos túneis subterrâneos se entrelaçam bem abaixo das escadas do suntuoso saguão. Criados para ventilar a sala de concertos, eles já serviram para estrelas escaparem de tietes quando havia uma passagem que ligava a casa ao antigo Hotel Esplanada. Atualmente, o espaço é usado para circulação de funcionários e para abrigar dutos de ar-condicionado. O Salão dos Arcos, o porão por onde começou a construção do teatro, em 1903, agora abre esporadicamente para exposições.

Os espaços subterrâneos do Theatro estão a pelo menos 2 metros de profundidade do nível da rua, mas ainda é possível ver a entrada de um dos túneis pela Praça Ramos de Azevedo.

2,0m

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Hospital das Clínicas

Quem transita pela rua Doutor Enéas de Carvalho Aguiar nem imagina que, a poucos metros abaixo dali, passa um túnel cuja função é de arrepiar: transportar cadáveres de forma eficiente, discreta e rápida do Instituto Central do Hospital das Clínicas até o Serviço de Verificação de Óbitos da Capital (SVO). O caminho de aproximadamente 90 metros é cheio de curvas e desníveis. Duas auxiliares de enfermagem acompanham o deslocamento de cerca de 12 corpos por dia.

Anônimos são transportados pelo túnel, mas o espaço também já ajudou a dar privacidade às famílias de Raul Seixas e Elis Regina quando os músicos morreram.

3,5m

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Cripta da Catedral da Sé

A capela subterrânea é uma construção gótica que fica bem abaixo do altar principal da igreja. É nesse ambiente sagrado para os católicos, mas com uma atmosfera mórbida, onde estão guardados restos mortais de bispos, arcebispos e personalidades conhecidas da história brasileira. O salão inferior também é alvo de especulações, como uma suposta presença maçônica no local.

A Catedral da Sé está sediada no exato lugar por onde passa a linha imaginária do Trópico de Capricórnio: em certos momentos do ano, o sol estará posicionado exatamente acima da igreja.

7,0m

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Estação abandonada do Metrô

Logo abaixo da estação Pedro 2º do Metrô há um esqueleto. Não do tipo fantasmagórico: é uma estrutura que começou a ser construída no fim dos anos 60 e nunca foi concluída, já que serviria de plataforma para uma linha de trens que não chegou a existir. É a mesma situação de dois trilhos que saem da estação Paraíso, mas não transportam passageiros: como essa linha também não foi entregue, esses túneis hoje servem de base de apoio para a manutenção do Metrô.

A linha abandonada da estação Paraíso sairia da avenida 23 de Maio no sentido Moema. Hoje transitam por ela veículos da manutenção de trilhos e iluminação do Metrô.

8,10m

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Nos trilhos do Metrô

Por volta de 0h20, os últimos trens chegam ao ponto final das estações do Metrô. E é aí que começa o trabalho de uma equipe que passa madrugada adentro no subterrâneo: funcionários entram em cena para fazer manutenção e serviços essenciais para a movimentação dos trens durante o dia. Enquanto você dorme, o grupo executa as funções de forma harmoniosa sob luzes artificiais e temperaturas elevadas.

Sujeira pode atrapalhar o andamento dos trens, por isso as vias do metrô são locais limpos. Ratos e baratas nem chegam perto dos trilhos por conta de uma megaoperação de controle de pragas.

10,0m

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Obras de canalização

O cruzamento das avenidas Francisco Matarazzo e Pompéia, na zona oeste de São Paulo, sofre todos os anos com as enchentes que se formam ali. Para evitar as inundações, novas galerias são construídas para aumentar a capacidade de vazão da água. E, para não atrapalhar o trânsito, as obras são feitas em túneis subterrâneos a cerca de 15m de profundidade.

Os canteiros de obras são repletos de placas com alertas que vão desde "use cinto de segurança" até "risco de morte". Todo cuidado é pouco.

14,5m

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Esta reportagem também contou com apoio de:

Flávio Florido, fotografia; Renato Bittar, câmera.