Muito ego e pouco dinheiro. A Associação da Nobreza Histórica do Brasil existiu até 2011 e congregava herdeiros da primeira elite econômica e política do país. Rivalidades internas e resistências a pagar uma anuidade fizeram o presidente do grupo, Eduardo Pellew Wilson, intitulado conde de Wilson, acabar com as atividades. "No Brasil, não há muitas fortunas antigas. Dinheiro entra e sai das famílias, mas a ascendência fica", afirma Wilson.
Como outros de sua classe, ele não vê muita nobreza de espírito na ideologia da elite atual e sua ética da meritocracia e eficiência. "Essa coisa do 'self made man' foi importada dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial. Não tem nada a ver com a gente. Raciocinar só por dinheiro é errado dentro da nobreza. Hoje, os nobres não têm um tostão. Mas nosso poder simbólico é absolutamente grande. Não precisamos de Roll Royces e joias", argumenta.
Seus antepassados foram magnatas do Império (1822-1889). Tinham empresas de transporte marítimo e ferroviário, banco, minas e indústrias. A queda da monarquia foi o primeiro baque. A quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, foi o golpe definitivo na riqueza da família que ganhou um condado em 1891 da monarquia portuguesa.
Um “louco por genealogia”, como se define, Wilson diz que suas raízes chegam até Bizâncio e Roma. Hoje, ele vive do salário de professor de idiomas e filosofia e mora em um apartamento em Copacabana. Garantiu sua descendência com dois filhos gêmeos. O menino, Eduardo também, nasceu três minutos antes e vai herdar o título reconhecido pelo Conselho de Nobreza (hoje Instituto de Nobreza Portuguesa), ligado à família real de lá. Para a filha, deu "de presente" sete nomes que simbolizam as sete gerações femininas anteriores: Ana Beatriz Augusta Catarina Jean Constança Maria.