Acusada de promover um dos maiores desastres socioambientais da história do país com a exploração de depósitos de sal em Maceió, capital de Alagoas, a petroquímica Braskem afirma que sempre operou com segurança as minas subterrâneas desenvolvidas para sua extração.
Mas documentos que vieram à tona com as investigações iniciadas depois que um tremor de terra revelou o estrago, em 2018, mostram que a empresa desprezou durante vários anos exigências das autoridades para que monitorasse com maior rigor as atividades nas suas minas.
Três anos antes do tremor, a ANM (Agência Nacional de Mineração) exigiu que a petroquímica realizasse periodicamente exames de sonar para analisar a situação no interior das minas, localizadas centenas de metros abaixo da superfície do solo, mas a empresa nunca cumpriu completamente a exigência. De 2015 até 2018, a Braskem analisou com sonar apenas 4 das suas 35 minas.
O conteúdo desses documentos foi tornado público pela ANM em junho do ano passado e chamou a atenção da Polícia Federal, que realizou buscas em escritórios da Braskem e nas casas de executivos e consultores da empresa em dezembro. O UOL analisou a íntegra deste conjunto de documentos, que soma milhares de páginas.
Em nota enviada à reportagem, a Braskem disse ter utilizado "a melhor técnica disponível no momento" para monitorar as minas e que os levantamentos topográficos realizados nunca apontaram problemas.