Às 23h38 do domingo de Páscoa o celular tocou como um sino eletrônico, ressoando cinco vezes. Era Vinícius disparando várias mensagens. Ele tinha passado a noite anterior com um punhado de amigos cantando, dançando e se divertindo em uma festa que não tinha hora para acabar. Até que teve.
“Atualizando você"
"Tive uma tentativa de suicídio hoje novamente”
Quem está preparado para receber esse tipo de notícia? Eu posso ler sobre suicídio, conversar com profissionais que o estudam do ponto de vista da psicologia, da filosofia, da medicina, se debruçar sobre as estatísticas, os dados oficiais, as reportagens. Mas como transformar esse conhecimento em ação quando uma pessoa de carne e osso avisa que acabou de tentar se matar?
“Meu pai me tratou muito mal", continuava Vinicius, "esquecendo que eu ainda estou doente da ansiedade. Acabamos saindo na agressão física e tentei me matar pelos pulsos.”
Essa tinha sido a terceira tentativa em cinco meses. Depois de me contar a história e dizer que estava fora de perigo, ainda com o pulso aberto pelo ferimento que poderia ter sido fatal, Vinicius me convidou para a próxima festa que seus amigos dariam.
“Vamos te agregar ao nosso grupinho”
“Hahahaha.”