A camisa amarela da seleção brasileira virou há décadas símbolo e até um passaporte informal do Brasil pelo mundo. Mas nos últimos anos ela ajudou a dividir o país ao ser tomada como uniforme de grupos políticos e seus simpatizantes nas manifestações em 2015 e 2016 pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Oportunistas se apoderam da camisa como se ela fosse uma representação deles, mas ela não é ligada a partido ou movimento algum”, critica Walter Casagrande Júnior, que vestiu a “amarelinha” na Copa do Mundo de 1986 e hoje é comentarista da TV Globo. “Todo mundo que faz isso é oportunista”, completa. Este ano, a peça deve voltar aos holofotes, com a Copa da Rússia e as eleições – entre elas a presidencial –, que prometem ser as mais tensas desde a redemocratização. Nesse ambiente de polarização, a camisa amarela ainda pode representar todos os brasileiros, minimizando o racha político?
“Desde que comecei a participar da política brasileira, nunca separei a camisa da seleção da política. Independentemente de qualquer situação, a camisa da seleção é política”, afirma Casagrande. De fato, entre os símbolos nacionais brasileiros, oficiais ou não, nenhum é tão popular como a camisa amarela da seleção. É raro achar quem tenha em casa uma bandeira ou gravação do Hino Nacional, mas a camisa está nas gavetas e no inconsciente patriótico da maioria.