Comer para viver. Mas, no caso dos humanos, vai além. “Comer hoje não é só se alimentar. É um ato político, econômico, social e cultural. O conceito de cidadania pode ser traduzido na atitude do indivíduo em favor do coletivo”, afirma o chef Alex Atala. Nesse contexto de evocar a responsabilidade de todos por um mundo sustentável, o significado de um evento como o almoço de domingo pode passar por alterações nos próximos anos - e a ciência e a indústria de alimentos estão de olho nessa mudança.
A FAO, agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para Alimentação e Agricultura, alerta que a demanda por comida aumentará em 70% até 2050 e aponta o impacto disso na pouco eficiente indústria agropecuária - para produzir 1 kg de carne são necessários 7 kg de ração e 15 mil litros de água - e no meio ambiente - estima-se que a produção de carne seja responsável por 15% das emissões de gases do efeito estufa. Ou seja, produzir mais alimentos nos moldes tradicionais pode agravar os problemas ambientais.
A recomendação da entidade é a adoção do vegetarianismo. Mas o apelo dessa dieta ou mesmo do veganismo ainda é restrito, e parte expressiva das 7 bilhões de pessoas que vivem hoje na Terra ainda desejam comer carne, principalmente em países emergentes com populações gigantescas, caso da China.
Diante desse cenário, algumas empresas começaram a pensar em alternativas para o problema. Essas companhias se concentram nos Estados Unidos, onde a epidemia de obesidade provocou uma crescente preocupação com alimentação, e na Holanda, em que boa parte do território fica abaixo do nível do mar, o que não é o ideal para criar animais. Essas opções vão desde carne “falsa”, feita em laboratório, passando pelo consumo de insetos e até de compostos para substituir refeições. O desafio é fazer tudo isso parecer muito, muito atrativo e gostoso - e soja não vale.