José Rodrigues Neto, o Zico, 56, estava no telefone da recepção quando quatro policiais da equipe Falcão 41 do Denarc (Divisão Estadual de Narcóticos) entraram no Motel Bataklan. O papo do investigador Silvio Severino Pereira foi reto. Havia denúncia de que ele estava traficando drogas e seu quarto seria revistado.
No lugar errado e na hora errada, a ajudante geral Vera Lucia Valesi fazia outro caminho para chegar ao quarto 21 do Bataklan. Por uma abertura na parede — o chamado passa-pratos —, ela abastecia o cômodo com um rolo de papel higiênico e um copo limpo quando os agentes apareceram. Virou suspeita.
Pereira usou linguagem policialesca até depois de ser convencido da inocência da funcionária: Vera Lucia foi "arrolada" como testemunha.
A revista foi fácil. Em cima da pia do lavabo havia uma lata que fazia as vezes de fogareiro. As chamas mancharam de preto o fundo de uma tampa de marmita coberta por uma "substância amarronzada que estava endurecendo", descreveu Vera Lucia no depoimento.
No final do processo, formou-se um tijolo parecido com uma rapadura. Zico iria açoitar aquele bloco até ele virar pedra da droga recém-chegada ao Brasil, o crack. Mas deu tudo errado.