A indústria da música foi a primeira a nos ensinar o que o avanço tecnológico pode fazer com um setor inteiro da sociedade. Do surgimento do Napster até o streaming do Spotify, a música foi obrigada a se repensar como produto. Com a telemedicina, ainda sem regulamentação no Brasil, ninguém sabe direito o que será, no futuro, uma consulta médica. E a pressão tecnológica também bate à porta dos tribunais.
Muito além de digitalizar documentos e protocolar processos via internet, várias startups especializadas, conhecidas como "legaltechs" ou "lawtechs", estão enxergando formas de diminuir o papelório do Judiciário e, de quebra, encontrar um novo jeito de fazer negócios entre um recurso e um veredito.
Essas empresas estão desenvolvendo tecnologias que facilitam o acesso de dados, o gerenciamento de documentos e a promoção de acordos entre as partes. Além da expectativa de maior eficiência, há também quem acredite que a entrada mais incisiva da tecnologia no território das togas ajude a simplificar o linguajar utilizado por advogados, juízes e promotores, que de tão complicado, ganhou o nome de "juridiquês". "Usar uma linguagem específica é ao mesmo tempo uma questão de identificação e de afirmação de pertencimento a um determinado grupo por conhecer os códigos", explica a antropóloga do direito Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer.