O visor do relógio de mesa marcou quatro da manhã quando DJ K assumiu as pick-ups em um dos palcos da última edição da festa Mamba Negra na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Na plateia, uma multidão usando óculos escuros e vestindo preto dos pés à cabeça — o código de vestimenta "oficial" do techno — começou a vibrar assim que DJ K soltou a vinheta que leva a sua assinatura: "DJ K não tá mais produzindo, tá fazendo bruxaria".
Por duas horas, DJ K, produtor musical de 22 anos, levou o público à loucura com as produções autorais que o fizeram ficar conhecido dentro e fora do circuito dos bailes funk da periferia paulistana.
Antes de subir no palco, o produtor chegou na Mamba Negra de jaqueta branca e azul da marca Cyclone. No mar de frequentadores de preto e looks psicodélicos, o produtor se destacou de cara. "Estamos furando uma bolha", resumiu DJ K enquanto aguardava a vez de tocar no camarim na companhia do amigo MC Zero K, de dois dançarinos trajando máscaras de borracha de Halloween e da namorada DJ Dayeh, também especialista em funk bruxaria.
Foi a primeira vez que DJ K tocou na festa de música eletrônica, ainda que prefira ficar nos bastidores produzindo todos os dias em casa. "Eu não sou tão bom como DJ, minha função mesmo é produtor. Só que tem que abrir o horizonte para entrar em outros caminhos", diz.