Todo mundo olhava para Dodô Pitbull com certo fascínio: ele era, de fato, imbrochável. No alto de um banco, no meio da sala apertada, ele apontava duro e pulsante o pênis para o rosto de uma mulher, bem perto da boca. "É sua esposa?", Dodô perguntou a um homem que o observava, mais distante, do canto da sala. "Posso?", conferiu.
A vizinhança nem imagina o que ocorre naquela casa de fachada branca, uma das poucas que ainda restam num quarteirão repleto de prédios no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Uma casinha com estilo de vila, mas adaptada: os quartos viraram ambientes reservados para sexo; na antiga sala, o maior dos cômodos, funciona o bar e o lounge principal — é ali onde a paquera começa e a transa é combinada.
"Ei, morena, você é show", flertava outro rapaz, cercando uma moça alta, com longos cabelos pretos e coxas roliças à mostra no vestidinho curto. Ao pé do ouvido, a frase serviu como convite para irem juntos para o banheiro. Naquela noite de sábado, 24 de setembro, os clientes se apertavam por dois andares em busca de companhias na festa liberal.
A atração da noite, no entanto, era Dodô, ator pornô contratado para se apresentar nu. "Você deixa ela brincar?", repetia, pedindo autorização para tocar na mulher casada. Um homem tímido, encostado em uma parede, consentiu com a cabeça. Quando viu a resposta do marido, a mulher segurou com as duas mãos, massageou e, depois, engoliu o brinquedo avantajado do go-go boy. Ninguém tirava os olhos, muitos deles com um sorriso de tesão.