O CACHORRÃO DAS CASADAS

Uma noite com Dodô Pitbull, o go-go boy que transa com mulheres na frente dos maridos

Mateus Araújo Do TAB, em São Paulo

Todo mundo olhava para Dodô Pitbull com certo fascínio: ele era, de fato, imbrochável. No alto de um banco, no meio da sala apertada, ele apontava duro e pulsante o pênis para o rosto de uma mulher, bem perto da boca. "É sua esposa?", Dodô perguntou a um homem que o observava, mais distante, do canto da sala. "Posso?", conferiu.

A vizinhança nem imagina o que ocorre naquela casa de fachada branca, uma das poucas que ainda restam num quarteirão repleto de prédios no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Uma casinha com estilo de vila, mas adaptada: os quartos viraram ambientes reservados para sexo; na antiga sala, o maior dos cômodos, funciona o bar e o lounge principal — é ali onde a paquera começa e a transa é combinada.

"Ei, morena, você é show", flertava outro rapaz, cercando uma moça alta, com longos cabelos pretos e coxas roliças à mostra no vestidinho curto. Ao pé do ouvido, a frase serviu como convite para irem juntos para o banheiro. Naquela noite de sábado, 24 de setembro, os clientes se apertavam por dois andares em busca de companhias na festa liberal.

A atração da noite, no entanto, era Dodô, ator pornô contratado para se apresentar nu. "Você deixa ela brincar?", repetia, pedindo autorização para tocar na mulher casada. Um homem tímido, encostado em uma parede, consentiu com a cabeça. Quando viu a resposta do marido, a mulher segurou com as duas mãos, massageou e, depois, engoliu o brinquedo avantajado do go-go boy. Ninguém tirava os olhos, muitos deles com um sorriso de tesão.

FOGO E PAIXÃO

"Aqui tem de tudo. A gente faz festa bissexual, noite trans, evento liberal. Estamos sempre abertos a parcerias para movimentar isso cada vez mais", dizia Marcelo, responsável pela casinha de fachada branca, o Pub Goy House.

A festa Fogo e Paixão aportou ali no ano passado, organizada pelo casal Josy e Luiz e pela dupla Diabinhas. Voltado a adeptos do swing, o evento, nas palavras de Josy, pretende "fortalecer a relação entre casais e fazer os solteiros conhecerem outros casais para diversão". "Independentemente do desejo ou o que cada um esteja procurando, deixamos todos à vontade", diz a produtora.

Josy e Luiz estão juntos há quase oito anos. Ela trabalhava em uma padaria perto do supermercado onde ele era contratado. Um dia, ela o convidou para conhecer as festas que promovia. "Apresentei o swing para ele e então encontrei um amigo, fiel, começamos a conversar e a namorar. Logo decidimos começar a fazer nossas próprias festas de swing", lembra. Em 2019, eles se casaram em uma cerimônia em uma casa de swing na capital paulista.

O casal conheceu Dodô numa dessas noites liberais, e o go-go boy passou a ser estrela das festas deles. "É um homem profissional", afirma a produtora. "Ele interage com todos na nossa festa e não tem preconceito com ninguém. Isso que cativa os maridos e os incentiva a liberar as esposas no momento da apresentação, pois também deixamos bem claro que é somente diversão de momento."

'VOU ME PERMITIR'

Dodô, 31, começou a se apresentar na noite em 2017. Um amigo, que conheceu em grupos de putaria no WhatsApp, foi quem lhe sugeriu trabalhar como go-go boy.

O amigo imaginou que Dodô, sarado, com os músculos cultivados na academia onde trabalhava, se daria bem. Ele relutou, mas depois decidiu ir atrás da ideia, fez um teste e foi convocado para dançar de sunga. "No primeiro momento, não me senti confortável. Mas pensei: 'Vou me permitir'. E assim foram me vendo, me indicando para outros lugares."

Dodô tirou a roupa pela primeira vez em 2019 — e se excitou e transou em público para ganhar dinheiro. Passou a fazer apresentações com atrizes, nos palcos, e a interagir com as plateias. "Às vezes, acaba o tempo, as meninas contratadas saem do palco, e eu vou transar com quem quiser", conta. O cachê varia de R$ 250 a R$ 800. "Depende do planejado."

O corpo musculoso, realçado pelos braços fortes, ombros largos e pernas grossas, faz Dodô parecer um homem bruto. Um contraste com o sorriso e o carinho com que trata as mulheres que se aproximam dele para transar. "Adotei o nome 'Pitbull' por causa dessa figura do cachorro, do arquétipo de homem safado", explica.

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DUBLÊ DE MARIDO

Naquele sábado de setembro, Dodô foi contratado para fazer striptease e sexo ao vivo. Enrolado em correntes, vestindo apenas uma calça apertada e usando uma máscara de pitbull, ele surgiu pelos corredores chamando atenção. "Você é delicioso", largava uma cliente.

O público cercou Dodô. De um lado, perto do balcão do bar, oito homens se apinhavam para ver a desenvoltura do ator, mas nenhum deles chegou perto. O alvo eram as mulheres, chamadas uma a uma para aproveitar o cachorrão.

"Muitos maridos me escolhem para as esposas deles", Dodô diria depois, ao TAB. "Alguns me procuram pelas redes sociais, veem que tenho experiência, que tenho minha imagem a zelar, e se sentem mais seguros [para me contratar]. Digo que sou dublê de marido. Sou o cachorro delas."

No jogo de satisfazer fetiche de homens que fantasiam ver suas mulheres transando com outro homem, quase tudo pode. "Um cara já quis chupar meu pau junto com a mulher dele. E teve situações de o cara colocar as crianças para dormir, no quarto ao lado, enquanto eu comia a mulher na cama do casal", lembra.

"No início, tudo isso foi estranho para mim, mas hoje é prazeroso. Gosto de ver a mulher ter tesão e o cara ser submisso."

Dodô não é casado, mas tem várias "esposas" — dez delas se juntaram para lhe mandar uma cesta de aniversário no início do mês.

Foi assim, com carisma e gingado, que o go-go boy criou uma marca própria, conta. Além dos shows e dos encontros combinados, ele dá consultoria a homens que querem melhorar seu desempenho sexual. "Eles sempre me perguntam como aguento tanto tempo excitado."

O 'OSSO' DO PITBULL

Dodô foi chupado por uma mulher. Depois penetrou outra, por trás. Uma terceira sentou no seu colo, de frente, e pulava sentada. Uma quarta o masturbou. O único descanso que tinha era para trocar a camisinha.

Aos poucos, quem assistia ao show ia também se animando. Dois casais saíram de fininho para um dos quartos e começaram a transar mais reservadamente. Dois homens circulavam pelos cômodos para assistir à diversão dos outros. Esperavam uma oportunidade para se juntar às duplas.

Jane nem tinha visto a apresentação começar. Estava ocupada. Pela brecha de uma porta entreaberta, dava para vê-la se divertindo com um rapaz que conhecera havia pouco tempo. Ele apertava seus seios, por trás, enquanto ela gemia baixinho, virando os olhos.

Ao ouvir os sussurros lá fora, apressou-se. "Vou transar com ele hoje", tinha dito horas antes, ao cumprimentar Dodô. "Sou fã, venho a todos os shows dele", explicava. Solteira, foi sozinha atrás do ídolo.

Nem deu tempo de recolocar o sutiã. Jane saiu do quartinho em direção à sala principal. Chegou com os peitos de fora, beijou a boca de Dodô, tirou a meia já rasgada e se enganchou no colo do ator. Era a quinta mulher daquela noite a deslizar no pitbull.

Quase duas horas de sexo depois, Dodô gozou. Acendeu um cigarro e continuou sentado no salão. Posava para selfies com suas fãs, cercado pelos maridos. Era o fim da noite de prazer para ele, e o início da festa dos convidados. Àquela altura, o fogo do ator contagiou o público. As salas escuras estavam lotadas. Cada um procurava seu canto para transar.

Nu, Dodô foi se trocar novamente. Estava cumprida sua missão. Andando no corredor estreito, ainda excitado, ouviu de um cara sozinho: "Isso não baixa, não?", perguntou, preocupado com o "osso" do prazer que fez a alegria da mulherada. Para muitos, afinal, o Pitbull é o melhor amigo do homem.

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