A busca pela perfeição rege a humanidade desde a Antiguidade Clássica. Na Grécia Antiga, o filósofo Aristóteles entendia o conceito como o objetivo comum de qualquer jornada. Mas a real é que estamos em 2019, e ninguém mais tem tempo, irmão. "Não gosto dessa palavra perfeição'", diz a estudante Maria Luiza, após gravar uma sequência de stories no Instagram.
Aos 21, ela pode não ter certeza que caminho seguir nesses tempos difíceis, mas sabe que o fim da linha não é esse. Maria Luiza é representante do movimento body positive, que prega amor ao corpo, de qualquer formato e cor. É também um dos 48 milhões de jovens adultos, adolescentes e crianças de 10 a 24 anos que formam a Geração Z no Brasil - justamente a faixa etária que serve de antena para captar as pulsões de um mundo que muda cada vez mais rápido.
A mensagem captada parece gritar contra a ideia da vida plena guiada por uma longa lista de "tem que ser": bonito, aceitável, bem-sucedido, masculino, perfeito. Sentar e chorar? Bom, essa geração prefere usar outras linguagens. Memes, gifs, textões e stories fazem rir e propagam a ideologia #nofilter - a verdade nua, crua e imperfeita precisa ser mostrada. Se o mundo não é transparente, eles serão.
"O mote agora é ser original, é ser quem você é. A prisão da perfeição é muito pesada. Fazer tudo 'certinho' não garante mais equilíbrio, sustentabilidade financeira, felicidade", afirma Hilaine Yaccoub, doutora em Antropologia do Consumo pela UFF (Universidade Federal Fluminense). "Esse grupo não quer rótulo estático, preso. Eles não buscam o preto ou o branco. Eles querem todos os tons de cinza", completa.