Néliane Simioni fez cirurgia bariátrica aos 19 anos e emagreceu quase 60 quilos. Engordou 30 de novo. Preta Rara tomou um remédio para emagrecer de uma amiga da sua mãe. Foi parar na UTI. Bernardo Boëchat e Bia Gremion tentaram várias dietas e chegaram a marcar uma cirurgia de redução de estômago, mas desistiram na última hora. Milla Pupo recebeu uma recomendação médica para fazer uma colonoscopia apenas para “emagrecer uns três quilos”. Alexandra Gurgel tentou ser anoréxica e fez uma lipoescultura. Pouco tempo depois tentou se matar.
Essas histórias, comuns a pessoas gordas, raramente estão na imprensa ou redes sociais na mesma proporção que dietas milagrosas, maratonistas que perderam dezenas de quilos ou treinos das musas fitness. Se os casos de sucesso — leia-se exceções —, são exaltados pelo resultado de muito trabalho e esforço, falta discussão sobre os perigos das tentativas de emagrecimento a qualquer custo ou sobre por que pode ser tão difícil perder peso — muitas vezes, mesmo entre especialistas, sucumbir nesse “projeto” é tratado como uma falta: resta definir se de força de vontade ou de vergonha na cara.
Em paralelo à “epidemia de obesidade” apontada por especialistas e instituições, no dia a dia pessoas gordas são alvo de preconceito e prescrições questionáveis, inclusive de profissionais de saúde. Enquanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30 kg/m² portadoras de uma doença crônica, há grupos que lutam pela despatologização do corpo gordo. É uma missão e tanto, principalmente para a certeza que menos peso é sempre igual a mais saúde