Na noite de 9 de março, Mutaz Salah al-Khawaja abriu fogo contra três israelenses na movimentada rua Dizengoff, no centro de Tel Aviv. O atirador, um palestino de 23 anos, foi morto na sequência do atentado, classificado como terrorista por Israel.
A 2 km dali, recebi as primeiras informações sobre o ataque enquanto estava no restaurante Meatos, onde jantava naquela quinta-feira com outros jornalistas e o general Gerson Menandro Garcia de Freitas, então embaixador do Brasil no país. Caminhei em direção à rua agitada e, para minha surpresa, a sensação era de total tranquilidade: nada parecia indicar que um atentado tinha acabado de acontecer.
Bares continuaram abertos, e cheguei a cruzar com um Super Mario Bros., já que ainda havia gente fantasiada aproveitando o Purim, uma festa judaica que lembra um pouco o Carnaval no Brasil.
"É a estratégia: não deixar que ataques terroristas paralisem a vida dos israelenses", diz o cientista político André Lajst, 37, presidente-executivo da instituição StandWithUs Brasil, que combate o antissemitismo, e que acompanhava a comitiva de jornalistas na viagem. "Somos mais fortes quando não nos rendemos ao terrorismo."
Não é tão diferente para nós, pensei: entre notícias de bala perdida e um punhado de violências que normalizamos ao longo dos anos, andar pelas ruas de Tel Aviv é muito mais seguro do que cruzar as de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Em Israel, ninguém tem medo de empunhar o celular na rua ou dirigir com as janelas do carro abertas, por exemplo. O medo é outro: é a história de quem precisa viver sob alerta constante.