Júlio Lancellotti virou assunto no fórum nacional de promoção e demolição de reputações, as redes sociais. Era 2 de fevereiro, uma terça-feira, quando ele postou em seus perfis uma foto em que marretava blocos de concreto embaixo de um viaduto em São Paulo. Muitos viram ali a defesa dos fracos e oprimidos. Outros enxergaram na ação um ato marqueteiro, que daria a usuários de drogas as condições para continuarem no vício.
Alheios ao falatório, funcionários da prefeitura cuspiam fogo. Diziam que a remoção começara na quinta-feira da semana anterior, após comunicação da Folha de S.Paulo. O jornal publicou matéria na segunda-feira e Lancellotti apareceu no dia seguinte.
Pedreiros estavam no final do serviço quando o padre pediu a marreta emprestada para tirar a foto. As referências dirigidas ao comportamento do sacerdote incluem termos como "explorar miséria" e "transformar o caso em palanque".
Ocupantes de cargos mais altos na administração municipal não estavam irritados. Eles consideram a colocação dos blocos de concreto um erro, e o post, uma resposta proporcional ao tamanho da bobagem.
Agitar as redes sociais e mobilizar apoiadores e opositores é aquilo que pode se chamar de "efeito padre Júlio", um cara que causa desde criança.