A economia venezuelana começou a ruir em 2013, já sob Maduro, arrastada pela queda no preço internacional do petróleo. Na época, muitos bens começaram a escassear. Num país que por décadas viveu a bonança, a população teve de enfrentar a pobreza extrema.
Não havia investimentos, as lideranças políticas não chegavam a um consenso e, para piorar, em 2014, o país entrou numa espiral de violentos protestos. Os anos seguintes foram dramáticos.
Durante 27 trimestres consecutivos, a economia entrou em queda livre. Foram anos de hiperinflação — que chegou a mais de 1.000% ao ano. O cenário era tão caótico que sair do país parecia ser a única opção. Segundo a Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), cerca de 7,1 milhões de venezuelanos estão espalhados em todo o mundo na qualidade de refugiados ou imigrantes.
O quadro começou a mudar no final de 2021. De acordo com o Observatório Venezuelano de Finanças, criado por membros da Assembleia Nacional ligada a Juan Guaidó (líder oposicionista ao governo Maduro), o consumo aumentou 21% nos últimos meses. O crescimento é consequência da estabilização da produção petroleira, maior flexibilidade econômica (liberação da importação de produtos) e o fim da hiperinflação.
De acordo com o portal de notícias Armando.Info as empreiteiras Hermanos Perdomo, Grupo Binian e a Construtora 2PTO são as responsáveis por modernizar Las Mercedes. Uma publicidade anuncia que em 2026 será inaugurado o mais alto arranha-céu do bairro, com residências, hotel, escritórios e lojas.
A corretora de imóveis Érika Báez, 36, conta que há quatro anos começaram as buscas por imóveis em Las Mercedes. "Em um ano tive mais de 120 clientes querendo propriedades no bairro. Mas o interesse é para espaços comerciais, cujos preços variam entre US$ 2.300 e US$ 4.500 pelo metro quadrado."
A flexibilização urbanística de 2011 em Baruta, município da Grande Caracas onde fica Las Mercedes, permitiu aumentar a altura das novas construções. No afã, empreiteiros demoliram prédios de alto valor histórico para a cidade, como o Gastizar, uma estrutura de três andares construída em 1948. A modificação permitiu não só a construção dos gigantescos edifícios, mas incentivou o surgimento de coberturas comerciais, os "rooftops".