Quatro. Zero. Nove. Zero. Essa sequência de números correspondia ao telefone de uma casa em Petrópolis, interior do Rio de Janeiro, e ficou guardada durante anos na memória da bancária Inês Etienne Romeu. Graças a ela, foi possível descobrir o endereço da Casa da Morte, o mais conhecido centro clandestino de tortura da ditadura militar. Foi nesse local que Inês, militante da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), foi torturada e violentada durante 96 dias.
Localizada na rua Padre Germain, no bairro do Caxambú, o imóvel era utilizado por militares ligados ao CIE (Centro de Informações do Exército), agência de inteligência que reuniu os principais oficiais da repressão - esse grupo tinha ordens de executar militantes banidos do país que fossem presos tentando retornar ao Brasil.
A casa foi cedida entre 1971 e 1978 pelo comerciante alemão Mario Lodders, dono de outras propriedades na região, em um empréstimo intermediado pelo subcomandante do CIE, general José Luiz Coelho Neto, e pelo ex-prefeito de Petrópolis, Fernando Sérgio Ayres da Mota. No período mais sombrio da ditadura, entre 1971 e 1974, o sobrado foi o quartel-general clandestino do CIE.