A imagem mais famosa é a dos trechos próximos à Pequim, erguidos ao longo da Dinastia Ming (1368-1644). É desse trecho a lenda urbana que diz que a estrutura pode ser vista da lua (não, não é visível). De tijolinhos acinzentados, esses fragmentos estão entre os mais recentes e mais conservados.
A administração e a manutenção da muralha são feitas pelo governo chinês, dividida entre o comando central e as administrações locais e provinciais, o que faz com que as províncias busquem boas relações com a capital para garantir mais recursos para as obras.
A diferença é visível nos detalhes: nos mais turísticos, há uma série de cafés e franquias como KFC, além de funcionários uniformizados que cuidam da limpeza; quanto mais distante dos pontos centrais, é comum ver faixas pretas e amarelas e funcionários com coletes laranjas carregando pedras e instrumentos para consertar trechos danificados que, muitas vezes, passam longos períodos em reconstrução.
Também é comum que empresas façam doações para manter a estrutura, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1987, e escolhida como uma das Sete Maravilhas Modernas do Mundo, em 2007. A Tencent, responsável pelo aplicativo WeChat, por exemplo, doou 35 milhões yuans (cerca de R$ 26,7 milhões), para um projeto em 2016.
Segundo o site da Unesco, a muralha teria "mais de 20 mil km" de extensão, mas de tempos em tempos se descobre algo novo, tanto que não há consenso sobre seus números e dados históricos. Em 2009, por exemplo, um estudo revelou que o trecho construído pela dinastia Ming era maior do que se pensava — uma extensão de 8.800 km, muito mais longa que os 6.000 km minutados até então.
Os muros foram construídos para proteger o território de invasores, chamados de "hu". Entretanto, isso não impediu que o monumento sofresse com intempéries, guerras e uma série de invasões.
No livro "Country Driving", o escritor Peter Hessler, ex-correspondente da revista The New Yorker em Pequim, conta que passagens da muralha Ming eram usadas também como pontos de comércio: num trecho ermo e árido, os chineses trocavam instrumentos e alimentos por cavalos de forasteiros nômades. No livro, Hessler conta que a área era administrada para evitar que os mongóis, povos que viviam ao norte, adquirissem metais dos chineses, o que poderia ser usado para fabricação de armas.