A água manda e desmanda no Pantanal. Na cheia, vira um mar sertanejo, que espelha o céu e deixa os bichos e os homens ilhados. Na vazante, os rios voltam para suas calhas, e a pastagem natural se oferece para a boiada. Mas outra mudança está acabando com essa soberania líquida. A maior planície inundável do mundo perdeu 30% de sua superfície alagada nos últimos 30 anos. As secas e incêndios em 2020 e 2021 escancararam a situação. A pecuária tradicional, com os comissários tocando boi há mais de dois séculos pelos charcos, está sendo substituída pela criação intensiva para exportação, com gado confinado comendo ração de soja e milho.