Quem assistiu aos pitorescos programas da televisão brasileira exibidos no final dos anos 1990 deve estar familiarizado com o quadro Teste de DNA do "Programa do Ratinho". Enquanto homens e mulheres discutiam no palco sobre desconfianças quanto à paternidade de seus filhos, os jingles "Parabéns, papai", "E se for teu?" e "Ele não é o pai" pretendiam trazer um toque de humor a essas situações tétricas -- e eventualmente armadas -- que se desenrolavam diante das câmeras enquanto o apresentador batia na bancada com um cassetete, evocando ordem.
A atração não foi exclusividade do Brasil: os Estados Unidos foram pioneiros em televisionar testes de paternidade e discussões domésticas que poderiam se restringir ao âmbito familiar. A explicação para o fenômeno de audiência que esse tipo de programa representou no final do século 20 reflete o assombro com que o mundo recebeu a possibilidade científica de verificar laços de sangue.
Antes disso, inúmeras obras de ficção -- das novelas mais toscas aos romances mais refinados, como "Dom Casmurro", de Machado de Assis -- versaram sobre os mistérios da paternidade. Diferente do que acontece com a maternidade, que é um fenômeno biológico fácil de se verificar com nossos próprios olhos, ser pai sempre foi mais uma questão de fé do que de fatos antes do advento das provas de DNA.
Não por acaso, o novo conhecimento deixou o mundo perplexo e foi aplicado na investigação genética dos mais diversos casos: verificação de paternidade, de outros graus de parentesco, identificação de fósseis e até o estudo de predisposição genética a algumas doenças. Hoje, o exame de DNA é um recurso científico seguro, razoavelmente acessível e, sobretudo, um negócio rentável no mundo todo.