O programa de sábado de um bando de marmanjos é acordar com as galinhas e dirigir um tempão até se embrenhar num mato na periferia de Guarulhos (SP). Depois, eles torcem para São Pedro mandar vento, e assim poderem passar o dia empinando pipas.
O compromisso é sério. Vandré Amato, 40, chegou ao ponto de encontro às 6h45 e ouviu maledicências e deboches dos companheiros a respeito do atraso. A essa hora, uma fileira de carros já estava estacionada na lateral de uma estrada de terra. Ela passa no meio de matagais com o triplo do tamanho de um campo de futebol, onde foram colocadas quatro barracas.
A agitação espantou os cavalos que pastavam. Neste sábado há mais expectativa: é dia de campeonato de pipas. Será descoberta qual equipe corta mais linhas adversárias. O time de Vandré é um dos favoritos. Gilberto Bortoliero Filho, 31, conta que veio de Ribeirão Preto (SP) para competir contra o "Messi" da pipa.
Sua participação envolve negociação trabalhista. Empregado de uma fábrica de uniformes esportivos, Gilberto pede ao chefe para não receber em dinheiro as horas extras que faz. Prefere pegar em folga, que tira às sextas-feiras, quando vem a São Paulo para empinar pipa.