Se as eleições fossem uma guerra de memes, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) já seria o vencedor. Ele é o pré-candidato à Presidência da República com maior número de inscritos no YouTube (mais de 609 mil), tem quase três vezes mais seguidores que Lula no Twitter (1,2 milhão) e cinco vezes mais curtidas no Facebook que Geraldo Alckmin (5,3 milhões). Mas bombar na internet não significa nada no mundo real, certo? Errado! Ao focar sua campanha nas redes sociais e sem muito dinheiro para os meios tradicionais — além de se esquivar de entrevistas —, Bolsonaro fica atrás apenas de Lula (candidato do PT, atualmente preso) nas intenções de voto do brasileiro.
As pautas conservadoras e estilo radical do pré-candidato à Presidência da República conquistaram boa parte dos jovens. Segundo pesquisa do Ibope divulgada em 28 de junho de 2018, as intenções de voto no candidato do PSL são maiores entre eleitores com até 34 anos. Estudo prévio do Datafolha mostrava Bolsonaro liderando com folga nessa faixa, somando 26% entre pessoas de 16 a 24 anos, e 28% entre as de 24 a 35 anos. Em janeiro de 2018, a mesma empresa divulgou pesquisa que apontava o eleitor de Bolsonaro como o mais ativo nas redes. O discurso reacionário do militar nascido em Campinas (SP) é reverberado no YouTube, onde conta com apoiadores como Nando Moura (youtuber “metaleiro”, cristão e conservador, cujo canal tem mais de 2 milhões de inscritos), Eguinorante (youtuber ateu e conservador com 659 mil inscritos) e Joice Hasselmann (ex-âncora da Jovem Pan e Band News, tem um canal com 691 mil inscritos). Mas nem só de bolsonaristas se forma o debate político da internet.
O pai de Elias é pastor evangélico. Naquele vai e vem de almoços de família e grupos no WhatsApp, o jovem de 18 anos, estudante de jogos digitais na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), se viu atraído por um pensamento conservador, com influência de nomes como Olavo de Carvalho. Adorava Bolsonaro e curtia os comentários de Nando Moura. Desde 2016, começou a ver vídeos do MBL (Movimento Brasil Livre) estrelados por Kim Kataguiri, Fernando Holiday e, posteriormente, Arthur do Val. Inspirado pelo grupo, Elias se aproximou mais do que se convencionou chamar de nova direita. “Tudo que eu sabia de política foram meus parentes que me disseram, então toda a mudança foi praticamente feita pela internet”, conta o jovem, que diz ainda curtir Bolsonaro — "mas ele é meio 'louco das ideias'", pondera.