O mundo pós-tela

A vida parece impossível sem elas. Mas como será quando as telas encobrirem tudo o que vemos?

Arte/TAB

Numa época em que as pessoas carregam e olham telas o tempo todo, há quem preveja o fim delas. Sim, elas podem até sumir, mas não como você está pensando - a percepção sobre essa interface é que irá mudar. No futuro vislumbrado a partir de tecnologias emergentes, planos ambiciosos no Vale do Silício e de novas necessidades humanas, surge um mundo no qual absolutamente tudo será tela. E talvez você nem seja capaz de perceber isso.

Reportagem

Kaluan Bernardo

Arte/Animação

Daniel Neri

Desenvolvimento

Thiago Barbosa

Vídeo

Rodrigo Souto

O analista de riscos Rodolfo Uras, 24, exibe uma marquinha perfeita no pulso esquerdo. É resultado da falta de sol abaixo da pulseira de seu relógio inteligente, um Apple Watch Series 4. Ele não tira nem para tomar banho nem para dormir - afinal, uma das funções do dispositivo é medir a qualidade do sono. Mas o que poderia soar como exagero lhe trouxe supostamente mais equilíbrio: o dispositivo diminuiu pela metade o tempo que Uras passava olhando para uma tela de smartphone, o que não o impediu de estar, literalmente, 24 horas do dia conectado.

Esse comportamento pode ser exemplo de um futuro que, segundo especialistas, irá aposentar o smartphone em um primeiro momento para, mais tarde, tirar de cena as telas como as conhecemos. Mas, até lá, o caminho é longo e, por um bom tempo, as telas - sejam flexíveis, em 8K, com QLED ou qualquer outra inovação - ocuparão muito espaço e tempo das nossas vidas.

Tudo indica que o ponto de partida para essa mudança de paradigma seja o smartphone. Na edição de 2018 do South by Southwest, um dos maiores eventos de inovação do mundo, a futurista americana Amy Webb, fundadora do Future Today Institute, declarou que aquele ano marcava o começo do fim do reinado dos telefones celulares. "A transição dos smartphones para os smart wearables (dispositivos vestíveis inteligentes) e as interfaces invisíveis - fones de ouvido que têm sensores biométricos e alto falantes, anéis e braceletes que entendem movimentos, óculos inteligentes que gravam e mostram informações - irão mudar para sempre como experimentamos a existência", defendeu. Coincidência ou não, ainda em 2018 a Apple começou a registrar queda nas vendas do iPhone.

Para pessoas como Uras, conhecidas como "early adopters" (a turma que adota novas tecnologias antes de se tornarem populares), esse cenário no qual o smartphone tem menos protagonismo já começou. Os próximos passos, no entanto, dependem de tecnologias que, apesar de terem surgido há alguns anos, ainda estão no estágio de debate e implementação: internet das coisas, 5G, inteligência artificial, realidade expandida e blockchain.

ROTINA HIPERCONECTADA

COM QUE WEARABLE EU VOU?

Duas em cada cinco pessoas sentem-se "peladas" sem seus wearables, sendo que pelo menos uma a cada quatro dorme com os relógios. É o que diz uma pesquisa de 2016 da Ericsson com mais de cinco mil indivíduos entre 15 e 65 anos no Brasil, China, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos.

Ao todo, 43% dos entrevistados acreditavam que seus smartphones seriam substituídos pelos wearables, sendo que 40%, assim como Uras, já afirmam que passaram a olhar menos para as telas dos celulares por causa dos dispositivos.

Os relógios inteligentes são os primeiros dispositivos dessa categoria que estão tomando o lugar dos celulares, mas não são os únicos. Apenas metade dos entrevistados apostavam em relógios: eles também indicavam carteiras inteligentes, documentos de identificação conectados, câmeras de mão e até mesmo dispositivos vestíveis para avaliar glicose e pressão sanguínea.

Como a lista sugere, os wearables podem ou não ter uma tela. O que os une é o fato de estarem acoplados a nossos corpos e, portanto, expandirem nossas possibilidades enquanto seres humanos, quase como ciborgues.

"O fato é que o conceito de tela pouco importa. O que interessa não é a tela em si, mas a informação que ela transmite", afirma Camila Ghattas, cofundadora da Foreseekers, empresa de futurologia em Xangai, na China. "Dizemos erroneamente que alguém é viciado em celular. Somos viciados no que o celular pode transmitir e fazer por nós. Por isso, quando falamos do futuro, precisamos pensar na tecnologia que será cada vez mais natural para nós. E o celular é pouco natural", completa.

INTERNET DE TUDO

Mas não são os wearables sozinhos que anunciam o que virá. Na verdade, por definição, eles fazem parte de um outro conceito conhecido como internet das coisas, no qual há aparelhos inteligentes comunicando-se entre si para facilitar as vidas das pessoas. Um pequeno exemplo já está na casa de Uras: ele tem lâmpada inteligente e consegue controlar sua iluminação e ligá-la e desligá-la pelo smartphone.

"Eu ainda não tenho poder aquisitivo para isso, mas o que eu espero da tecnologia é ter uma casa toda automatizada. Quero uma fechadura da Samsung, lâmpadas da Phillips, tomadas inteligentes para saber quanto cada dispositivo gasta de energia etc. Isso é muito mais cômodo e natural", afirma.

A casa inteligente pretendida por Uras já existe, embora seus produtos ainda sejam caros. Mas especialistas acreditam em um futuro ainda mais conectado, no qual os smartphones são apenas um dos equipamentos que te conectam à internet - e não necessariamente os principais. E é por isso que esse futuro vale tanto: algumas estimativas apontam que a internet das coisas movimente um mercado de US$ 6,5 trilhões já em 2024.

Basta ir a uma reunião em centros comerciais de São Paulo que você pode perceber os sinais caindo graças ao excesso de dispositivos por ali. Nesse cenário, como é possível imaginar carros autônomos conectados a centenas de aparatos na rua e respondendo a todos em fragmentos de segundos para evitar um acidente?

"Existe um desafio de tecnologia e de processamento imenso. Criar redes descentralizadas, como as do blockchain, e eficientes em termos de processamento, é algo que as empresas de telecomunicação precisarão aprender como fazer", afirma Renato Valente, gerente nacional da Wayra, braço de inovação aberta da Vivo. "Há também a próxima geração de internet móvel, o 5G, que ainda está no início da curva de evolução e pode revolucionar as conexões", completa.

Para Vanessa Mathias, futurista e cofundadora da consultoria WhiteRabbit, é necessário pensar em plataformas de serviço com valor agregado. "Não adianta nada sua geladeira estar conectada à internet se não houver uma startup identificando quais alimentos faltam e já fazendo o supermercado para você", afirma. Por isso, ela prefere usar o conceito de "Internet de Tudo", que além dos objetos inteligentes envolve dados, pessoas e processos.

Isso tudo leva a uma vida supostamente mais prática, mas não necessariamente mais eficiente ou tampouco prazerosa. Uras confessa que tem problemas de ansiedade devido à sua relação com a tecnologia: "Você ganha mais tempo respondendo um e-mail, mas aí vai e gasta esse tempo com o quê? Vendo vídeos no Instagram".

POR QUE AS TELAS VÃO SE APOSENTAR?

Entenda como tecnologias promissoras podem acabar com as telas como conhecemos

Internet das coisas

É o conceito de conectar diferentes objetos na internet. Pode ser desde a sua cafeteira até um maquinário industrial. A ideia é que, uma vez ligados à rede, esses itens interajam de forma inteligente. Em um futuro hiperconectado, é mais simples dar e receber informações sem precisar de telas. Exemplo: sua geladeira pode ler as notícias enquanto você toma o café da manhã.

Teste

5G

É a próxima geração de internet móvel. Ela é importante por ser 20 vezes mais rápida que o 4G e, principalmente, por reduzir o tempo de latência de 20 milisegundos para 1 milisegundo. Essas diferenças são cruciais para garantir que bilhões de objetos comuniquem-se entre si sem problemas e riscos de acidentes. Um futuro pós-tela e pós-smartphone só é possível com tais conexões.

Teste

Assistentes de voz

São inteligências artificiais que entendem o que nós, humanos, dizemos. Funcionam como assistentes pessoais. Google, Microsoft, Apple e Amazon já estão nesse mercado. Hoje, no entanto, essas assistentes só ajudam em tarefas simples. Porém, ao passo em que a inteligência artificial avança, elas estarão em todos os dispositivos, nos ajudando a interagir com robôs por voz, não por tela.

Teste

Wearables

Os dispositivos vestíveis já são uma realidade. Isso se deve principalmente aos relógios inteligentes, que funcionam integrados aos smartphones e permitem fazer ligações, responder mensagens ou acompanhar atividades físicas. A expectativa é que a tecnologia evolua não apenas nos relógios, mas também em óculos, tênis e quaisquer dispositivos que possamos acoplar a nosso corpo.

Teste

Realidade virtual

Com apenas um óculos é possível imergir em um mundo diferente. Ao utilizá-los, o indivíduo fica cercado por imagens virtuais em 360 graus. Criados para os games, os óculos de realidade virtual chamaram a atenção pelas possibilidades de novas formas de entretenimento e conexões interpessoais. Especialistas esperam que essa tecnologia nos permita viver mais tempo dentro de um mundo virtual, só que sem telas.

Teste

Realidade aumentada

A imagem artificial é sobreposta à real. Pense nos filtros de Instagram: o app usa a imagem da câmera de seu smartphone para projetar uma máscara artificial sobre seu rosto. Especialistas apontam que, no futuro, usaremos óculos ou mesmo lentes de contato que irão projetar as informações virtuais mescladas às imagens reais diretamente na nossa retina.

Teste

A VOZ DAS MÁQUINAS

A principal plataforma para a internet das coisas (ou de tudo) é a voz. A Apple concebeu a Siri; a Amazon criou a Alexa; a Microsoft, a Cortana; a Google, a Assistant; e a Samsung, a Bixby. Além dos nomes femininos, o que todas essas assistentes de voz ou assistentes virtuais têm em comum são a possibilidade de, literalmente, conversar com pessoas - e também tirar o papel central que as telas têm hoje em nossas vidas.

Mesmo promissora - vide o investimento das "big techs" em inteligência artificial e machine learning - a adoção dessas tecnologias ainda é modesta. Segundo o site Recode, 70% das pessoas utilizam assistentes de voz para controlar músicas, enquanto 64% para saber a previsão do tempo e 53% para fazer perguntas divertidas. Pesquisa da consultoria PricewaterhouseCoopers aponta que as assistentes de voz precisam superar três barreiras principais: as pessoas não sabem o que podem fazer com a tecnologia, não confiam nas respostas e têm medo de gastar dinheiro com algo que não funcione.

Esses problemas devem ficar para trás, segundo especialistas, porque as assistentes invertem algumas barreiras tecnológicas que estavam presentes em outras inovações. "Em vez de as pessoas terem que aprender a falar a língua das máquinas, agora são as máquinas que estão aprendendo a língua humana", afirma Lidia Zuin, doutoranda com pesquisa em ficção científica pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), futurologista e colunista do TAB.

Sistemas de redes neurais artificiais fazem com que as máquinas tenham seu próprio método de aprendizado natural de linguagem e, com isso, consigam conversar de forma cada vez mais fluída e interativa com humanos. Esse avanço poderá fazer com que pessoas até então afastadas da tecnologia se conectem com mais facilidade nessa nova lógica, favorecendo a inclusão digital.

"Primeiro aprendemos a falar, depois a escrever. Com a tecnologia tem sido o contrário, mas é a voz que é mais natural", diz Vanessa Mathias. "Apesar das barreiras tecnológicas, as pessoas as derrubaram e se conectaram. Com a ascensão da oralidade na computação, essas barreiras [de conexão] diminuem ainda mais", concorda Juliano Spyer, doutor em antropologia digital pela University College London e autor de "Mídias Sociais no Brasil Emergente", no qual discute como os brasileiros de diferentes classes socioeconômicas se conectaram às redes sociais.

Renato Valente diz que empresas de telecomunicações como a Vivo já estão pensando nas mudanças de comportamento que acompanham essa nova conectividade. "Teremos que reaprender muita coisa. É preciso se reinventar porque a quantidade de novas coisas que serão consumidas com esses dispositivos é gigantesca. Ninguém imaginava todo esse impacto do smartphone quando foi lançado. O iPhone era apenas um iPod que fazia ligações - ninguém pensava que poderia pedir comida por ele", afirma.

A NOVA TELA É A NÃO-TELA

Em 2019, a Microsoft lançou a segunda versão de seu óculos de realidade mista, o HoloLens 2. O dispositivo projeta, direto na retina da pessoa, hologramas que se sobrepõem à visão. Assim, imagens virtuais e reais interagem em um único espaço. "Estamos entrando em uma nova era da computação, na qual o mundo digital vai além das telas bidimensionais e entra no mundo tridimensional. Esta nova era de computação colaborativa capacitará todos a alcançar mais", prometia a empresa no anúncio.

De fato, entramos em uma época que dá adeus às imagens planas em uma tela. Além do HoloLens da Microsoft, outros óculos chamaram a atenção nos últimos anos. Há o Oculus Rift, comprado pelo Facebook; o Gear VR, da Samsung; o Cardboard, feito de papelão pelo Google; e o Magic Leap, de uma startup de realidade aumentada.

O que todos esses produtos prometem está ligado a dois conceitos de interação com a tecnologia: a realidade aumentada (quando imagens são sobrepostas às reais) e a realidade virtual (quando estamos completamente imersos em imagens que só existente nessas máscaras). Ambas são entendidas também como realidade expandida.

Seja pela realidade virtual, seja pela aumentada, as telas desaparecem, mas a informação continua chegando até nós. E isso leva a um futuro que pesquisadores chamam de "screenless" (traduzido para o português, seria algo como "sem tela").

Tal cenário sem telas é dividido em três categorias, como sugerem pesquisadores de engenharia da computação da Marri Laman Reddy Institute of Technology and Management, na Índia:

1- Displays de imagens visuais: A luz é refletida em qualquer objeto que não seja uma tela - podem ser lentes de óculos, janelas ou painéis de LCD. Um exemplo famoso dessa categoria são os hologramas, mas você também pode pensar em óculos de realidade aumentada que projetam a imagem em alguma superfície;

2- Displays de retina: As imagens são projetadas direto na retina. Seu olho é a própria tela. É como vemos em ficções científicas à la Black Mirror: uma lente de contato mostra diretamente nas pupilas as imagens virtuais;

3 - Interface sináptica: não é mais necessária luz nenhuma. As imagens são meros impulsos elétricos enviados diretamente a nossos cérebros, que passam a visualizá-las sem precisar do olho. É um cenário maluco, mas que pesquisadores acreditam provável para o futuro sem telas.

"Tudo depende de quanto para o futuro estamos olhando", comenta Camila Ghattas. "Se fosse para estabelecer uma linha do tempo, diria que as telas ainda evoluem muito, com telas flexíveis, displays transparentes etc. Passa por acoplar tecnologias a nossos corpos, como lentes de contato, vibradores e sensores que te dão novos sentidos e ajudam a experimentar o mundo de forma diferente, até chegarmos a um nível avançado, no qual a tecnologia está dentro do nosso corpo, interagindo com nossas sinapses", completa.

ISSO EXISTE NA NOSSA VIDA?

Descubra o quão preparado você está para um futuro sem telas

Abrir uma porta apenas com um chip implantado sob a pele

Sim

Não

Existem implantes na mão que funcionam com a tecnologia NFC (Near Field Communication) por ondas de rádio. Elas funcionam de forma semelhante a cartões de crédito ou ao Bilhete Único: basta aproximar o chip de uma fechadura, por exemplo, e ele abrirá ao reconhecer sua identidade.

Controlar objetos com a mente

Sim

Não

Ainda não é nossa realidade, mas estamos cada vez mais perto de conseguir. Há empreendedores e startups criando capacetes capazes de reconhecer ondas cerebrais e transformá-las em sinais emitidos para controlar objetos. Sim, você vai poder dar uma de mestre Jedi...

Comunicar-se telepaticamente com máquinas

Sim

Não

Ainda não dá, mas o MIT desenvolveu uma tecnologia chamada AlterEgo, que identifica pensamentos básicos e pode, segundo os cientistas, transmiti-los às maquinas. Para isso, o aparelho reconhece alguns movimentos musculares que são reflexos automáticos de determinados tipos de pensamento. O dispositivo ainda está em fase de testes, mas a universidade afirma que ele já funciona.

Óculos que projetam hologramas

Sim

Não

A Microsoft lançou em 2019 a segunda versão de seu óculos de realidade expandida, o HoloLens. Os óculos projetam hologramas diretamente na retina da pessoa. Outra startup, a Magic Leap, funciona com tecnologia semelhante e tem atraído muitos entusiastas.

Fones de ouvido que usam os ossos para conduzir o som

Sim

Não

Fones de condução óssea não só existem como podem ser comprados a partir de R$ 50. Eles utilizam os ossos da face até os nervos para mandar vibrações diretamente ao canal auditivo. Tais dispositivos permitem deixar o ouvido livre para sons externos, além de prometerem danificar menos a audição

Lasers que transmitem som

Sim

Não

Pesquisadores descobriram uma técnica chamada "efeito fotoacústico" que faz com que a água vaporizada no ar absorva luzes e, com isso, forme ondas de som. Com isso, eles conseguem codificar mensagens nessas ondas, que chegam direto ao ouvido da pessoa como sussurros de até 60 decibéis. A tecnologia já funciona, mas ainda está sendo desenvolvida. Pesquisadores esperam que, com isso, as máquinas possam se comunicar conosco sem precisar de fones de ouvido. Há também a possibilidade de criar anúncios super-personalizados que chegam com mensagens diferentes a cada pessoa.

Upload da mente

Sim

Não

Em algumas ficções científicas, o corpo já não importa mais - afinal, o ser humano conseguiu passar toda a sua mente para a "nuvem" e basta fazer o download em um novo corpo. Há anos, cientistas tentam imitar a ficção e criar tecnologia semelhante. No entanto, embora alguns entusiastas como Ray Kurzweil acreditem que chegaremos lá em 2045, pouco avançamos nesse campo, inclusive do ponto de vista filosófico: há uma diferença entre mente, alma, consciência? Se sim, o que exatamente conseguiríamos extrair pela tecnologia? Talvez o futuro responda.

Lentes de contato inteligentes

Sim

Não

Óculos inteligentes já existem, mas são um tanto inconvenientes. Talvez o grande passo para o futuro sem telas sejam as lentes de contato capazes de projetar realidade aumentada ou virtual diretamente nos nossos olhos. Infelizmente, essa tecnologia ainda não existe - mas há muita gente trabalhando nela. A Verily, da mesma holding que o Google, já levantou mais de US$ 1 bilhão no desenvolvimento das lentes, mas, por enquanto, não lançaram nada.

Edição genética

Sim

Não

Já é possível editar o DNA com técnicas como o CRISPR, usando o RNA e uma proteína chamada Cas-9 para "recortar e colar" pedaços do cromossomos. A técnica não tinha sido usada até 2018, quando um cientista chinês causou polêmica no mundo todo ao afirmar que a utilizou em duas bebês chinesas.

Telas dobráveis

Sim

Não

Já pensou em dobrar seu celular como se fosse um pedaço de papel, colocá-lo no bolso e, depois, desdobrá-lo até virar um tablet? Isso não só já é realidade como tais smartphones estão chegando às lojas ainda em 2019 com marcas como Samsung e Xiaomi

Resultado você acertou

Ih, o futuro já chegou e você está por fora. Possivelmente você será um dos últimos a adotar as novas tecnologias que mudarão tudo. Mas, não se preocupe: isso não é ruim. Na verdade, você pode até ser uma resistência contra as novidades. Mas é sempre bom estar informado sobre o que acontece

Resultado você acertou

Ora, ora: temos um descoladex aqui. Você é muito trendy, mêooo. Tá alinhando e performando. É claro que nos seus rolês descolados você deixa passar uma coisinha ou outra, mas já está por dentro das principais novidades do futuro

Resultado você acertou

Então, você é um robozão, um ciborgue, um transhumano, um pós-homo sapiens sapiens, um sabichão, um Martin McFly vindo do futuro com sua DeLorean. Manda sempre um e-mail pra gente, queremos nos manter atualizados sobre o futuro

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ENFIM, MATRIX

Em um mundo rodeado de telas, já é cada vez mais difícil distinguir se você tomou a pílula vermelha ou a pílula azul. Os crescentes problemas com fake news estão aí para provar. Mas, a partir do momento no qual essas informações saem das telas e passam a interagir diretamente conosco, como fica essa distinção entre real e virtual? "Essa é uma pergunta importantíssima a se explorar porque, a partir do momento que algo faz seu coração palpitar, sua mão tremer, seu corpo suar, você ter emoções verdadeiras, bagunçamos esses conceitos. E aí, como dizer se algo é verdade ou não? Como ensinamos o senso crítico para questionar verdades impostas?", questiona Ghattas.

A ficção científica está repleta desses questionamentos. Em "Jogador nº1", livro de Ernest Cline e que recentemente foi adaptado para o cinema por Steven Spielberg, as pessoas ignoram um mundo destruído pela miséria para viverem um universo perfeito criado na realidade virtual.

"Quando não precisamos nem de uma tela para dizer que estamos vendo e sentindo algo virtual e que faz parte da nossa vivência, temos outra percepção de mundo", afirma Zuin. Mas será que já não vivemos isso? "O nosso eu codificado em redes sociais já é uma leitura do que não necessariamente existe. Já fazemos isso a partir das imagens e fotografias que postamos na internet para nos representar", completa.

O filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser propõe um conceito chamado escalada de abstração. Para ele, a comunicação humana começou tridimensional, com gestos, sons e odores; passou para o bidimensional quando passou a criar imagens e sinais; inaugurou o unidimensional ao criar ideogramas, pictogramas e letras, criando o mundo da escrita; e, finalmente, chegou ao nulodimensional, quando a comunicação mediada por aparelhos se torna apenas números, algoritmos, códigos.

No mundo pós-tela, essa separação perde o sentido. "Precisamos pensar novas existências humanas que não dependam só do corpo físico e existam, simultaneamente, em outros planos - como o nulodimensional e o tridimensional", afirma Zuin. Seja em qual dimensão for, as barreiras entre realidade e virtual estão caindo - e a tela é uma delas.

AINDA TEM MUITA TELA PELA FRENTE...

enquanto você lê este TAB 38.700 smartphones foram vendidos
Cálculo baseado no número de smartphones vendidos no mundo durante o terceiro trimestre de 2018. Fonte: IDC
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