Os Stuckerts já contam quatro gerações de fotógrafos. Entre vivos e mortos, são mais de 33 na família, desde os tempos do bisavô, um viajante alemão-suíço de Lausanne que desembarcou na Paraíba na década de 1930 com cartas náuticas e câmeras fotográficas na bagagem.
"Na família Stuckert, o primeiro brinquedo que a gente ganha é uma máquina fotográfica", brinca — embora, entre seus 4 filhos, nenhum tenha se inclinado para o ofício. "Eles dizem que trabalho demais."
Tempos depois, os Stuckerts deixaram o Nordeste e se instalaram no Distrito Federal. Lá, Stuckão abriu uma agência e montou um laboratório de fotografia dentro de casa. Foi ali que, aos 13 anos, Stuckinha aprendeu o processo de revelação do filme fotográfico.
Stuckão faleceu no último dia 23, aos 78 anos, por insuficiência cardíaca. "Foi com ele que aprendi a fotografar. Um dos primeiros presentes que ganhei dele, ainda criança, foi uma máquina fotográfica. Ele me entregou e disse: 'Rico, aqui tem a minha vida e você vai aprender a olhar o mundo por este visor'", Stuckinha escreveu no Instagram, ao lembrar o pai. A lembrança da primeira vez no laboratório é vívida.
"Quando entrei naquela sala toda escura e vi a imagem surgindo do filme, perguntei pra ele: 'Pai, isso é mágica?' Ele sorriu e disse: 'Sim, é como se fosse'. Eu cresci acreditando nisso. Que a fotografia é mágica, que mostra um mundo que as pessoas não conhecem, que revela sentimentos, que traz histórias. A fotografia é a memória, é a lembrança."
Ao todo, três da família foram fotógrafos de chefes de Estado: o pai Roberto Stuckert acompanhava o general João Batista Figueiredo, que governou entre 1979 e 1985; o irmão mais velho, Roberto Stuckert Filho, Dilma Rousseff. "Meu pai foi fotógrafo do último presidente militar; eu, do primeiro presidente operário; meu irmão, da primeira presidenta. São três momentos-chave da história do Brasil."