"Que bom receber uma carta tua, é sempre uma felicidade suprema... Que maravilha, é um banho de amor na minha alma!!! Te adoro menininho..." Assim começa uma das cartas da futura mulher de Francisco de Assis Pereira, enquanto ele era julgado por matar sete e estuprar outras nove mulheres no Parque do Estado, na zona sul de São Paulo.
Condenado a 285 anos de prisão e apelidado de "Maníaco do Parque", ele se casou meses depois com a autora da carta, uma gaúcha de 60 anos, pós-graduada em História. Só no primeiro mês de detenção, Pereira recebeu mil correspondências. Algumas dessas mensagens foram dela.
A união durou algumas visitas ao presídio de Itaí (SP), quando a idealização romântica deu lugar a mudanças bruscas de humor e atitudes violentas. Passados mais de 20 anos, ninguém escreve para ele, que ocupa seus dias no presídio fazendo crochê e tricô.
No mundo todo, vários matadores viraram celebridades, atraindo improváveis legiões de fãs. O caso mais célebre foi o de Charles Manson, cujos seguidores mataram nove pessoas, incluindo a atriz Sharon Tate, o que lhe rendeu fama mundial, em 1969. Mas terroristas também são admirados, como o norueguês Anders Breivik, que alvejou e matou 77 pessoas, ou o quirguistanês Dzhokhar Tsarnaev, que plantou bombas na maratona de Boston (EUA) e matou quatro.
Histórias sanguinárias, com violência sexual e crueldade, ganham atenção instantânea do público, da mídia e da indústria cultural. A maioria das pessoas se coloca no lugar das vítimas, retroalimentando a insegurança coletiva. Mas há uma fração que passa a admirar os autores a tal ponto de querer participar desse enredo. Por que centenas de mulheres se sentem atraídas e apaixonadas por criminosos brutais? Há tantas respostas para essa pergunta quanto para esta aqui: por que você está lendo esse texto?