Alguns amores gozam primeiro; crescem depois. Bella e Arthur, por exemplo, se conheceram deslizando os dedos pelas mensagens de um grupo de WhatsApp sobre swing, em 2020. Entre tantos outros casais do clube virtual, onde se combinam transas e festas, a moça de cabelos ruivos e quadril largo quis flertar com o rapaz famoso entre os colegas por ser bem dotado. Ambos solteiros, interessaram-se um pelo outro e logo iniciaram uma parceria liberal, como são definidos os relacionamentos fixos entre os adeptos do sexo compartilhado e da não monogamia.
Jovens, bonitos e nativos digitais, a designer de moda Bella Ferreira, 26, e o analista de negócios Arthur Aily, 28, apinham mais de 12 mil seguidores no Instagram @CasalPeachVelvet (casal "pêssego aveludado", em português), onde postam fotos sensuais e dicas de relacionamento. Com frequência explicam as regras que optaram seguir (eles só transam juntos, não fazem ménage com um terceiro elemento masculino e só saem com héteros ou bissexuais) e matam a curiosidade de gente que nunca experimentou swing.
"Somos muito experientes, mas não exigimos tal coisa de ninguém. Exigimos apenas educação, boa aparência, higiene e #elenunca [não toleram apoiadores do presidente Jair Bolsonaro]", definem-se nas redes sociais. Assim viraram também palestrantes e embaixadores de grupos liberais (nos costumes, não na economia).
Acostumados a dividir a cama com muita gente em quase dois anos de namoro, somente em novembro de 2021 o casal teve uma lua de mel privé. Não à toa: Arthur decidiu dar um tempo do swing após uma crise de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), que lhe dera uma fissura de transar e lhe tirara atenção de sua companheira na hora do sexo com outros casais. No período, até masturbação e filme pornô foram suspensos.
"Com compulsão, eu não queria mais ficar com a Bella em casa. Só queria ficar com outras pessoas. Até quando a gente saía eu deixava Bella de lado", lembra ele. "Como a gente só transa junto, também parei por um tempo", pondera a namorada.
O "detox" sexual, acompanhado por tratamento com psiquiatra e psicólogo, fez a dupla dividir mais o tempo entre si. Na pandemia, o isolamento social também incentivou a convivência a dois. Apaixonados e próximos, eles noivaram e compraram Xotinha, Saquinho e Mijinho, três ratinhos do tipo twister, uma espécie de ratazana doméstica, que chamam de filhos. "Foi bem positivo, foi bem diferente", afirma o moço. Foi aí que o amor cresceu.