Voltam à arena os oito forcados do início do espetáculo. Nem todos concordam ser este o ponto alto de uma tourada, mas, para um espectador inaugural, o que se desenrola a partir dali é aterrador. À frente dos outros sete forcados, enfileirados, um jovem desafia o touro a partir para cima de si. Nesse momento, o animal já tem sangue a lhe escorrer por quase todo o corpo. Diante da provocação, esfrega a pata traseira no chão, levantando uma nuvem de areia, e corre na direção do jovem.
O rapaz tem pouco mais de 10% do peso do touro (600 kg). Pega-o pelo chifre, literalmente. Antes de ser atingido pelo animal, salta sobre ele e, com o auxílio dos colegas, domina-o. A impressão de quem vê a cena é de que o rapaz está sendo atropelado por um automóvel desgovernado. Apesar da elegância das vestes dos forcados, a cena não se destaca pela harmonia. Ao final, há oito homens sobre um touro ensanguentado, alguns deles a puxar-lhe o rabo, outros pendurados no pescoço do bicho, arrastando-se pelo chão.
Como conseguiram dominar o touro, são ovacionados. O animal deixa a arena. Dali cinco horas, no máximo, dará o último suspiro.
Em Portugal, ao contrário do que ocorre na Espanha, os touros não são mortos durante o espetáculo — a matança foi proibida por lei em 1928. A exceção são as cidades de Barrancos e Monsaraz, amparadas desde 2002 por uma mudança na legislação que permite a prática onde a tradição tem mais de 50 anos.
Depois de deixar a arena, os animais têm as bandarilhas extraídas e, na sequência, seguem para o matadouro. A carne é eventualmente aproveitada para alimentação. Em casos de braveza excepcional, são poupados da morte e retornam para o campo. Quando isso acontece, podem ser utilizados em corridas de touros populares, realizadas nas ruas, em pequenas cidades do país. Nas corridas profissionais, a regra estabelece que um touro pode entrar na arena uma única vez.