A digitalização da medicina não quer dizer que as tecnologias irão substituir o médico. "Quando se coloca a máquina fazendo trabalho de máquina, sobra mais tempo para o humano fazer mais trabalho de humano", considera Cottini, da startup Jaleko.
Na avaliação dele, as novas ferramentas tendem a potencializar trabalho do médico. "Ele não vai precisar fazer mil cálculos de probabilidade na cabeça para fazer um diagnóstico. Mas vai, dentro do seu conhecimento e experiência, com base nisso saber tomar a melhor decisão."
Diante de toda essa transformação, um desafio se impõe aos futuros profissionais de medicina e às instituições de ensino: acompanhar a velocidade das tecnologias. "Para que o novo médico consiga se formar adaptado a esse novo mundo, a gente precisa, desde a fase de graduação, oferecer experiências que permitam se familiarizar com esse tipo de inovação", afirma Silvio Pessanha Neto, médico PhD e diretor de medicina, pós-graduação e cursos livres da Estácio.
Ele considera que a formação do médico, até então muito analógica, hoje já incorpora inúmeras soluções tecnológicas. "A gente, por exemplo, usa muito realidade virtual. Temos laboratórios inteiros de anatomia com óculos de VR, para navegar pelo corpo, e entender como funcionam alterações nos órgãos."
Para Pessanha Neto, essa aprendizagem precisa ser continuada, porque quem sai de uma residência encontrará um processo de transformação digital acelerado, com novidades surgindo todos os dias. "O profissional que deseja estar continuamente atualizado precisa buscar instituições que não estejam paradas no tempo, que tenham esse DNA e estejam se reinventando, se mantendo abertas a trazer o que é novo."