São Paulo assusta. Soa como um clichê, mas é, de fato, um sentimento recorrente na cidade. Especialmente na região central, especialmente de madrugada, nos lugares onde ninguém circula depois de certo horário. Para entender o que realmente acontece, passamos algumas noites em quatro espaços públicos no centro da cidade: as praças da República e da Sé, o Largo do Arouche e a Estação da Luz. Encontramos algum sexo (pago), bastante droga, nenhum rock’n’roll, espaços e pessoas abandonados, bastante polícia, histórias inusitadas e o principal: indícios de soluções que podem ajudar a tornar a cidade menos assustadora no futuro.
O primeiro passo é entender o medo que, no ambiente urbano, é mais normal do que imaginamos. “Uma questão que está sempre ligada ao uso do espaço público em uma cidade que cresce é o ‘outro’. O primeiro medo do espaço público é humano, e eu diria que esses espaços sempre vão provocar medo”, diz Mauro Calliari, mestre em urbanismo, autor do blog “Caminhadas Urbanas” e do livro “Espaço Público e Urbanidade em São Paulo” (Bei, 2016). “O conflito é inerente a estar em um lugar com pessoas diferentes de você, e São Paulo é uma cidade muito diversa, que exacerba isso”, completa Calliari.