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Para conhecer o Brasil, é preciso conhecer Canudos

Antigos moradores voltam a Canudos e resgatam a história do povoado que desafiou o poder - Rafael Martins/UOL
Antigos moradores voltam a Canudos e resgatam a história do povoado que desafiou o poder
Imagem: Rafael Martins/UOL

Do TAB

09/03/2022 08h01

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Olá, leitores de TAB. Como estão? Em tempos normais, eu diria "feliz ano novo", mas como não houve Carnaval (oficialmente), a gente segue a semana esperando que em abril haja festa. Até lá, a realidade nos chama e nossa equipe está nas ruas para contar histórias que vocês precisam conhecer. Reuni aqui alguns dos destaques da última semana. Isso inclui uma reportagem especial direto do sertão da Bahia, onde a memória de Canudos persiste para evitar o esquecimento de um povo. E mais: notícias sobre a guerra da Ucrânia, a presença marcante de Lélia Wanick na obra de Sebastião Salgado, a crise no Hospital São Paulo e o envio de uma placenta humana para ser usada na indústria da moda.

Herança de Antônio Conselheiro
Passados quase 125 anos da Guerra de Canudos, a sombra dos 25 mil mortos e 5 mil casas derrubadas pela quarta expedição militar persiste sobre o povo do sertão. Ali, todos são herdeiros do trauma deixado pelas mãos dos poderes militar e político, e os resquícios das batalhas são guardados para reforçar a memória e evitar mais um apagamento. A jornalista Alice de Souza e o fotógrafo Rafael Martins visitaram o povoado Canudos Velho (BA) e contaram essa história na reportagem especial da semana.

Presença de Lélia
As mais de 20 mil pessoas que já passaram pela exposição "Amazônia -- Sebastião Salgado", em cartaz no Sesc Pompeia, em São Paulo, espiaram um conjunto de 205 fotografias que mostram a floresta e seus povos -- todas em preto e branco, com o tom épico que é o carimbo do fotógrafo. Mas também deram de cara com a presença avassaladora de Lélia Wanick, esposa dele e responsável pelo projeto expográfico do acervo. Angélica Santa Cruz perfilou a arquiteta, que participa da escolha dos projetos, da produção das expedições, de boa parte das viagens do marido e ainda organiza as fotografias em uma lógica editorial. Lélia faz tudo.

Ajuda brasileira
Doze dias depois do início da guerra, o Brasil enviou uma aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) à Polônia para levar 11,5 toneladas de alimentos e remédios em ajuda humanitária e resgatar brasileiros e refugiados que tentam escapar dos conflitos. O KC-390 Millennium, considerado o maior avião militar desenvolvido e fabricado no Hemisfério Sul, iniciou a viagem na segunda-feira (7). A bordo dele vão 14 militares e mais um médico especialista em protocolo sanitário. TAB acompanhou os preparativos da viagem, em Brasília.

Cenas da guerra
Mesmo longe, as notícias e as imagens vindas da Ucrânia machucam quem está em São Paulo. Não é a primeira vez que Ludmila Szymanskyj, 85, vê seu país ser destruído. Apesar de a Segunda Guerra Mundial ter sido o cenário de quase toda a sua infância, o sofrimento dela agora, ao acompanhar a ofensiva russa à Ucrânia, é maior. "Na outra guerra eu não chorei porque era criança. Nessa eu choro. Não aguento mais ver televisão", conta a artista plástica. Nossa reportagem reuniu Ludmila e mais três descendentes de ucranianos para comentar as aflições do conflito.

Crise no Hospital São Paulo
Era para ser apenas mais um anúncio de cortes no Hospital São Paulo -- a instituição vem reduzindo custos desde fevereiro --, mas a reunião do último dia 21 pegou pacientes e profissionais de surpresa. Numa tacada só, um dos hospitais de referência da capital paulista desmontou todo o serviço de saúde mental. Dos 18 profissionais, entre psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais, ficaram apenas três concursados. A demissão é mais um reflexo de uma crise na instituição que, em 2017, já acumulava R$ 149 milhões em dívidas com bancos e R$ 11 milhões de dívidas com fornecedores. Leia aqui.

Fora de moda
A descrição da encomenda dizia que dentro do pacote havia silicone, mas não foi o que o raio-x da agência dos Correios de Manaus mostrou. Em 21 de outubro de 2021, uma triagem padrão indicou traços de material orgânico no pacote. A PF (Polícia Federal) foi chamada e seus peritos se puseram a trabalhar. O laudo apontou que a correspondência que seria despachada à Singapura continha uma mão e três placentas humanas. O destinatário era Arnold Putra, designer da Indonésia que faz roupas e acessórios com partes de corpos humanos. Entenda mais sobre a investigação no texto do repórter Felipe Pereira.

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