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Caso enterrado

Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Do TAB

13/04/2022 08h01

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Bom dia! Como vão? Aqui está ela, a newsletter do TAB, pronta para te levar a outros destinos. Seja em Itacaré, no sul da Bahia, onde a chuva castigou um quilombo e deixou um mistério na comunidade; ou em Pontão, cidadezinha do Rio Grande do Sul, onde Bolsonaro ganhou com apenas um voto de diferença na última eleição. Há também histórias desenterradas do chão. Num esforço investigativo, uma série de reportagens mostra o descaso com as chamadas valas clandestinas, onde corpos sem nome e história têm sido descobertos sem a devida atenção das autoridades. Está tudo aqui. Pronto para embarcar?

Mortes invisíveis

Levantamento do núcleo investigativo do UOL mostrou que 201 corpos foram encontrados em valas clandestinas nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, desde 2016. Desse total, apenas 67 cadáveres receberam identificação. O número pode ser ainda maior, já que o Disque-Denúncia registrou 320 relatos sobre "cemitérios clandestinos" só no estado do Rio de Janeiro. A investigação de quatro meses também revelou que há hoje 26 mil restos mortais não identificados no Brasil. Ossadas, arcadas dentárias e outras amostras compõem esse acervo que, devido à escassez de recursos e de pessoal qualificado, não teve sua origem esclarecida. O esforço de reportagem fez o Senado Federal cobrar explicações.

20 anos de espera

Fomos atrás de histórias que dão a dimensão do problema, como o caso de Luiz Miranda, que desapareceu em 1989 e só pôde ser sepultado em 2009. Durante 20 anos, os restos mortais do motorista ficaram parados no IML à espera de identificação, enquanto sua família era ameaçada para parar a pressão pela investigação. Destrinchamos também como as apurações sobre cemitérios clandestinos acabam se perdendo no caminho — como a trapalhada do delegado youtuber Da Cunha, que teria complicado o trabalho da polícia em São Paulo.

Conto de duas cidades

Pontão (SP) ainda era um distrito de Passo Fundo, em 1985, quando o MST ocupou uma das maiores fazendas da região, a Annoni, criando o primeiro assentamento do movimento no país. Emancipado em 1992, o distrito de quase 4 mil habitantes se transformou em uma ilha petista no interior gaúcho. Em oito eleições municipais, o PT ganhou seis. Mas essa hegemonia começou a ser ameaçada em 2018, quando Bolsonaro venceu Haddad por um voto de diferença. O repórter Mateus Araújo e o fotógrafo Carlos Macedo foram até a cidade e contam como a expansão do agronegócio é responsável pelo avanço conservador no local.

Rotina do alvo

Em 20 de fevereiro, o vereador e policial civil Leonel Radde (PT) recebeu ameaças de morte de grupos neonazistas e a data do seu assassinato foi marcada: 31 de outubro. Além dele, também foram ameaçados o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a deputada federal Maria do Rosário, ambos do PT. Acompanhamos a rotina do político de Porto Alegre, que diz viver com "um alvo nas costas".

Mistério em Itacaré

Os últimos dias de 2021 no Quilombo D'Oiti, em Itacaré, foram assustadores. Celebrada pelo cenário paradisíaco do litoral sul da Bahia, a cidade foi uma das muitas atingidas com as fortes chuvas de dezembro. O quilombo, na beira do Rio das Contas, foi inundado na noite de Natal. Semanas depois, quando a água baixou, um mistério tomou conta do lugar: dez obras de arte com imagens de orixás, feitas pelo educador Jorge Rasta, foram cuidadosamente arrancadas de suas bases, fruto de uma ação mais orquestrada que a força da natureza.

Nem tudo que reluz é ouro

Existem áreas em São Paulo que mudam de um ano para o outro, mas há ruas que trocam totalmente de identidade dentro do mesmo dia. Quando os 61 sinos da Catedral da Sé anunciam as 18h, uma transmutação se inicia em uma via de pedestres perto dali, a Barão de Paranapiacaba: o ouro nas vitrines é coberto pelo aço das portas, e os compradores de joia dão lugar a pessoas em situação de rua. Rodrigo Bertolotto faz uma crônica dos dois universos que se encontram na mesma calçada.

'Perdi meu país'

A artista visual Lena Kilina viajou o mundo, mas adotou São Paulo como lar. Nascida nas bordas da Sibéria, ela agora se vê no papel de exilada involuntária: com sua postura antiguerra, que ela não esconde nas redes sociais, não pode voltar ao seu país. Ou até pode, mas tem a convicção de que será presa se o fizer. O jornalista Daniel Lisboa conta aqui essa história.

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