Segregação à brasileira

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Cidades
em
preto
& branco

Proibido pela lei, o racismo no Brasil segue dissimulado no espaço público e se abriga com força nos domicílios. Não por nada, os ataques na internet partem de quem se sente protegido pelo anonimato do lar. E, não sem razão, os mapas com a distribuição de raças mostram que brancos e negros moram em países diferentes. O TAB foi às cidades com a menor e a maior população preta no Brasil e verificou que o estigma de ser o último país das Américas a abolir o regime escravista ainda é mais forte que o discurso oficial da "democracia racial". Foram 358 anos de escravidão, e os 128 anos sem ela não conseguiram apagar essas marcas.

Texto Rodrigo Bertolotto
Design André Alcalay
Fotos Lucas Lima

Uma cidade
de brancos

Uma cidade
de negros

Elas costuram, passam, varrem e carregam caixas. As 25 funcionárias da confecção TG são todas brancas. A maioria delas tem cabelos loiros e olhos claros. Já a chefe está na frente do computador, conferindo a produção. É uma mulher negra. A cena chamaria a atenção em qualquer lugar do Brasil. Mais ainda em Cunhataí (SC), que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi o único município do país que não registrou pretos em sua população no último censo. A piauiense Grace Dias, sócia e administradora da única indústria da cidade, não apareceu nessa conta porque mora na cidade vizinha de Saudades.

As operárias são filhas de camponeses. Estariam quebrando milho, besuntadas de protetor solar, se não tivessem o emprego. Já a chefe cresceu em São Paulo e ganhou tanta experiência na produção de roupas que juntou um dinheiro e decidiu investir nesse rincão catarinense. Aquela fábrica de uniformes encravada entre milharais poderia não chamar a atenção. Infelizmente chama. Afinal, é a exceção da regra naturalizada pelos brasileiros: patrões brancos e empregados negros.

"É estranho, mas já me acostumei", diz Grace, que emprega 25 brancas. Segundo o Sebrae, os negros são 50% dos empreendedores do país (contra 49% de brancos), mas 90% deles não têm funcionários: vendem sua própria força de trabalho. Negro com subordinado branco é mais uma minoria da qual Grace faz parte.

O padrão nacional está em Antônio Cardoso (BA), a cidade brasileira mais ciente de sua negritude. É o único município do país em que mais da metade de habitantes se autodeclarou preto no censo de 2010 (se somar os pardos, a porcentagem pula de 50,6% para 87%). Naquele pedaço de agreste, só 2% das terras pertencem aos descendentes dos quilombos de permanência, que lá se formaram após a abolição da escravatura, em 1888. Além de pouca, a terra que conseguiram não tem fonte de água e está nos tabuleiros e serras rochosas. As planícies irrigadas são dos grandes proprietários brancos. "Nosso município é o mais africano do país, mas o poder econômico e político ainda é dos brancos", afirma o único vereador quilombola da cidade, Ozeias Santos.

Em tempo: o termo "preto" costuma ser criticado como preconceituoso, mas é a terminologia oficial do IBGE, que denomina como "negro" a soma de "pretos" e "pardos". Para fins estatísticos, o TAB reproduz essas nomenclaturas, mas se permite usar outros tantos ao longo da reportagem para explicar a complexa relação dos brasileiros com os conceitos de raça e cor.

O mapa é interativo, já as raças...

Veja a distribuição da população segundo raça/cor no território brasileiro. Cada ponto representa uma pessoa, segundo o último censo do IBGE. Você pode dar zoom e arrastar a imagem do país.

  • Brancos
  • Pretos
  • Pardos
  • Amarelos
  • Indígenas

Crédito: patadata.org

Além da diferença racial entre a região Nordeste e as regiões Sul e Sudeste, uma aproximação nas áreas metropolitanas das principais capitais revela como os brancos estão nas áreas centrais, enquanto pardos e negros moram nas periferias. Isso é bem forte em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador.

No fim do século 19, o Leblon era um local de chácaras e tinha um quilombo nele. Hoje em dia, a área detém o metro quadrado mais caro do Brasil, e cerca de 90% de seus moradores são brancos. É revelador também que o charmoso bairro carioca seja cenário constante das novelas da TV Globo, nas quais nos últimos 20 anos, coincidentemente, só 10% dos personagens eram pretos ou pardos, segundo levantamento da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro). E só 5% foram protagonistas.

O exemplo é emblemático de como, tanto na vida real quanto em sua projeção na mídia, se oculta o rosto da maioria da população nacional - 53% dos brasileiros se declararam negros ou pardos segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2014. Dez anos antes, a maioria (51,2%) se dizia branca. Nesse período, não houve uma explosão na natalidade entre os negros nem maior miscigenação: simplesmente as pessoas estão se identificando cada vez mais com sua origem africana.

Além da ausência na TV, no cinema e nos concursos de miss (só uma após 61 edições), os negros estão marginalizados nas próprias cidades brasileiras. O centro de metrópoles como São Paulo, Rio ou Belo Horizonte é dominado pela população de origem europeia, e a periferia concentra os afrodescendentes - podem ser os negros deslocados (como os que tiveram que sair da Zona Sul do Rio) e imigrantes com forte origem mestiça.

Quando os negros ganham o centro das atenções são logo alvo de discriminação. Que o digam as celebridades, como a jornalista Maria Júlia Coutinho, a atriz Taís Araújo e a ex-globeleza Nayara Justino. "Nunca tivemos um apartheid na lei. É uma vantagem tremenda em relação aos Estados Unidos e à África do Sul. Mas não existem bons e maus racismos. Todos são ruins e perversos. O nosso é do tipo dissimulado, mas o brasileiro vem aos poucos admitindo a discriminação", afirma Lilia Moritz Schwarcz, historiadora e antropóloga da USP (Universidade de São Paulo) e autora de vários livros sobre o assunto.

Os números não mentem, as pessoas sim...

RACISTA EU?

97

dos entrevistados pela Universidade de São Paulo em 1988 afirmaram que não têm preconceito de raças, mas 98% disseram também que conhecem pessoas racistas. Ou seja, preconceito só se reconhece o dos outros. Pesquisa semelhante foi feita pelo Datafolha em 1995 e 2008 com resultados parecidos

WHITE POWER

03

dos 1.627 candidatos eleitos em 2014 para cargos executivos e legislativos se declararam negros. Já os brancos foram 76% dos vencedores. Os negros são representantes de 7,6% da população do Brasil, enquanto os brancos são de 47,7%. Nenhum negro foi eleito governador ou senador na última eleição nacional. Os pardos são 43% dos brasileiros e correspondem a 21% dos eleitos

COR DA VIOLÊNCIA

61

das vítimas fatais dos policiais paulistas são negros. Calculando a proporção estadual de raças, a letalidade é três vezes maior contra negros que contra brancos. Já a maioria dos policiais envolvidos é branca (79%). A pesquisa é da Universidade Federal de São Carlos

OS SEM-TELINHA

10

dos personagens das novelas da TV Globo entre 1995 e 2014 foram classificados como negros em levantamento da Universidade Estadual do Rio. Entre os protagonistas, apenas 5% são negros. Outra crítica: os personagens são estereotipados, sempre empregados e suburbanos

TRABALHO DE NEGRO

59,2

do rendimento dos brancos é o que ganham como salário os trabalhadores negros do Brasil, segundo o IBGE. Ou seja, eles recebem perto da metade dos ordenados dos brancos. E olha que entre 2003 e 2015 o rendimento de negros cresceu 52,6%, enquanto o dos brancos subiu 25%

PRETO DE BRANCO

0,9

dos médicos formados em 2015 no Estado de São Paulo são pretos, segundo o Conselho Regional de Medicina. A população preta representa 6,4% dos habitantes do Estado. Já os diplomados brancos foram 85% no ano passado, sendo que eles representam 63% dos moradores paulistas

O projeto de branqueamento do Brasil começou ainda no período do Império (1822-1889), com a vinda em massa de europeus. Autores da época, influenciados pelo darwinismo social, acreditavam que em três gerações haveria no Brasil uma maioria absoluta de brancos, e os genes africanos e indígenas se diluiriam entre uma minoria mestiça. Na época, a mistura de raças era vista como uma desgraça. Esse plano funcionou em locais como Cunhataí, que do passado guarani só manteve o nome (a palavra significa "menina"). Após a expulsão dos indígenas, as empresas colonizadoras levaram multidões vindas da Saxônia e Renânia (hoje regiões da Alemanha) para todo o oeste catarinense no início do século 20.

A miscigenação foi alçada à solução salvadora na década de 1930 pela onda nacionalista. A mulata (hoje termo pejorativo) foi escolhida a síntese sensual disso. Várias afrobrasilidades viraram símbolos nacionais, como o samba e a feijoada. A capoeira, antes reprimida pela polícia, virou expressão da brasilidade. Uma santa branca que ficou negra foi escolhida a padroeira: Nossa Senhora Aparecida.

A região de Cunhataí começou a ser ocupada nessa mesma época, mas por lá você não vai encontrar essa "cultura brasileira de exportação". Samba não toca: o ritmo de sucesso é o bandanejo (mistura de sertanejo com bandinhas alemãs). Feijoada é rara: a iguaria local é o porco-pizza (leitão coberto com queijo, tomate e tudo mais). A capoeira foi ensinada um ano, teve vários alunos e até apresentação pública de final do curso, mas foi cancelada no ano seguinte para não mais voltar. "Não pegou. Não é de nossa cultura. A nossa tradição são danças alemãs", resume o prefeito, Marcos Theisen. Além da paixão pelo futebol e do idioma oficial, uma das poucas coisas que lembram o Brasil é que eles plantam e comem mandioca.

A mandioca vira biju na também rural Antônio Cardoso, com 78% de sua população no campo. Esses assentamentos preservam tradições que têm raízes em locais como Congo, Angola e Benin. Há curandeiras, benzedeiras e parteiras. Isso sem falar nas sambadeiras, que arrastam o pé com os sambadores na terra batida dos sambas de roda. A versão religiosa é o samba de caboclo, com as divindades africanas tomando os corpos que se derrubam no meio da batucada. Mas na cidade mais preta do país, apesar de o dia 20 de novembro ser feriado pelo dia da Consciência Negra, não há festividade ou evento nas ruas. "Uma ou outra escola faz um ato por iniciativa de algum professor. E é só", relata o agricultor Genivaldo Brandão.

Aquarela do Brasil

Escolha a cor da sua pele entre algumas respostas espontâneas de pesquisa do IBGE* e compartilhe

Branca-melada

Bugrezinha-escura

Puxa para branca

Morena-roxa

Encerada

Alva-escura

Morena-bem-chegada

Amarela-queimada

Branquiça

Azul-marinho

Bem clara

Parda-clara

Branca-suja

Sapecada

Café com leite

Canelada

Cor de cuia

Acastanhada

Galegada

Meio morena

Pouco morena

Quase negra

Queimada de sol

Trigueira

*Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 1976, os pesquisadores perguntaram às pessoas, sem dar opções de respostas, como elas definiam sua cor de pele. As 'cores' acima são 30 das 136 definições dadas

No Brasil, raça e cor se confundem. A inserção social, por exemplo, embranquece. Estão aí para comprovar os jogadores de futebol Neymar e Ronaldo, que já negaram a ascendência negra. Em Antônio Cardoso não é diferente. "Tem negro aqui que tem preconceito contra os próprios negros. É só o sujeito enriquecer que acha que é diferente", opina a agricultora Maria Marcela dos Santos. "Seu preto sujo e imundo" foi o que o vereador Ozeias Santos teve que escutar de um colega de Câmara Municipal no ano passado. Detalhe: o agressor também é negro e responde agora processo por injúria racial.

As campanhas de orgulho negro, como a que fez as pessoas deixarem de ser "pardas" para serem "pretas" no município baiano, tentam reverter uma característica histórica. "Ser branco é uma aspiração simbólica no Brasil. E as pessoas mudam de cor segundo a situação ou o interlocutor", resume Moritz Schwarcz. O conceito de raça, travestida em "coloração", ganha por aqui uma condição passageira e relativa. Mas, na verdade, a ideia de raça é uma construção histórica, que persiste como uma representação poderosa das diferenças, principalmente por sua íntima conexão com as classes sociais. Raça, definitivamente, não é um termo neutro neste país. E o racismo à brasileira assimila a cultura, discrimina as pessoas, reprime na esfera pública, mas é permissivo na esfera privada.

Em 1988, cem anos após a abolição, a USP fez um questionário em que 97% dos entrevistados disseram não ter preconceito, mas 98% afirmaram conhecer alguém racista - sempre parentes, amigos ou parceiros amorosos. Esse brasileiro exemplar cercado de racistas mostra o caráter doméstico e íntimo da discriminação. Como o sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995) definiu: "o brasileiro tem preconceito de ter preconceito". Em 1995, o instituto Datafolha divulgou pesquisa em que 89% afirmaram haver preconceito contra os negros no país, mas só 10% confessaram tê-lo. Entretanto, 87% dos entrevistados revelaram preconceito ao concordar com frases racistas. O levantamento foi repetido em 2008 com resultados semelhantes, confirmando o racismo dissimulado do Brasil.

Para o exterior, o país vende uma imagem de "harmonia racial", mas qualquer estrangeiro que nos visita se choca com a realidade da divisão nítida de brancos e negros na sociedade. Esse racismo velado é herdeiro das teses de outro sociólogo, Gilberto Freyre (1900-1987), sobre o modelo brando e promíscuo da tolerância portuguesa e sua "escravidão benigna", com as figuras do senhor paternal e escravo submisso. É uma visão bem adocicada da história de um "país de sobremesa", que só produzia açúcar e café.

A invenção das raças

Descubra como o conceito social já teve critérios biológicos e políticos

Século 16

Antes se referindo a pessoas de uma mesma nação ou língua, o termo "raça" passa a ser usado para relacionar traços físicos dos povos, sob influência do colonialismo europeu e do cientificismo da época

Século 18

Século 18 Surgem na Europa as primeiras teorias deterministas raciais, que ganham mais força anos depois com o darwinismo social. Características externas são usadas para julgar atributos morais e racionais das pessoas

Século 19

A miscigenação é condenada por vários autores brasileiros como prova da falência nacional. Ainda no Império começa uma política de "branqueamento" do Brasil com a migração em massa de europeus

1911

1911 No 1º Congresso Internacional das Raças, em Londres, a delegação brasileira apresenta tese que no período de um século a população mestiça e negra do país seria extinta

Anos 1930

Anos 1930 A mestiçagem passa a ser vista de forma positiva pelo Estado brasileiro e por intelectuais. O nacionalismo do período eleva a símbolos pátrios o samba, o candomblé e a feijoada. A mulata é alçada a musa nacional

Anos 1950

Anos 1950 Após os horrores racistas da 2ª Guerra Mundial, a Unesco encomenda estudos sobre o exemplo brasileiro de convivência das raças. Algumas pesquisas criticam o discurso oficial de "democracia racial"

Século 21

Século 21 Começam a ser implementadas no Brasil "ações afirmativas", política criada nos anos 1960 nos EUA para compensar a desigualdade histórica entre brancos e negros. Várias universidades estabelecem sistemas de cotas

A orientação para os visitantes da minúscula Cunhataí é ficar atento com a lombada para não passar do centro. São 1.822 habitantes. Só 38 deles se definem como pardos. Nenhum se declarou preto. "Negro a gente vê aqui só de passagem, quando vem carregar ou descarregar alguma coisa aqui", conta Cleverson Serafini, vereador e comerciante na cidade. Os caminhões entram e saem da região constantemente. O município é coberto de chácaras produtoras de leite e criadoras de suínos. São propriedades familiares de no máximo 15 hectares que fornecem para grandes frigoríficos e laticínios.

Theobaldo Koling, 90, foi um dos pioneiros no local. Havia 28 moradores por lá quando chegou à região, na década de 1940. "Era tudo mato fechado aqui. Éramos muito pobres, o galpão que morávamos era também a estrebaria", relata com forte sotaque. "Havia negros e caboclos cortando árvores e trabalhando nas serrarias, mas logo eles foram embora." O idioma falado é uma das barreiras. Lá se fala o dialeto hunsriqueano. "Tenho um cunhado negro, mas ele não quis morar aqui porque não entende as pessoas", afirma o agricultor e vereador Jandir Schneider. "Acho que os negros não vêm para cá por falta de oportunidades", sentencia. A economia familiar, a língua e a localização (extremo oeste catarinense) não incentivam a imigração. Como um dos efeitos disso, os brancos fazem todos os trabalhos braçais na cidade. São os pedreiros, os varredores, os carregadores, os camponeses. Ao contrário da lógica brasileira, essas funções manuais não são "trabalho de negro", outra herança escravocrata que permanece.

A vinda de mais de 4 milhões de europeus da virada do século 19 para o 20 mudou a cara do Brasil. O censo de 1872 apontava que 38% da população era branca. Em 1940, os brancos somavam 63%. Nesse meio tempo, os escravos deixaram a condição de "coisas" e foram jogados no mercado de trabalho, competindo com as levas de imigrantes europeus. Depois o embranquecimento foi desacelerando, e hoje se calcula em 47% do total. Na típica metáfora nacional, atualmente tem mais feijão que arroz na mistura brasileira.

Quando o Brasil vai resolver a questão? "É um processo longo. Vai demorar. E a solução tem de passar pela educação e pela inclusão social, afinal, agora as condições de partida não são idênticas para brancos e negros", afirma a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz

Três pecuaristas (brancos, é claro) dominam as terras de Antônio Cardoso. E eles vivem na capital, Salvador. Os quilombos se espremem entre suas fazendas. E os quilombolas acabam como rendeiros. "A escravidão só mudou de forma. Continuamos sem terra, tendo de trabalhar para os fazendeiros. Eles deixam plantar alguma coisa para gente na caatinga, mas é só um jeito para limpar o mato para deixar o capim para o gado deles", afirma Mirian Oliveira, líder do quilombo do Gavião.

Há muitos que negam a existência de racismo no Brasil, e que tudo não passa de "problemas pessoais", afinal, há uma universalidade na lei brasileira e não há uma discriminação oficial. E não é que têm razão? O ponto é que esse problema pessoal é compartilhado por milhões de cidadãos e, nesse caso, passa a ser um problema social. Aliás, os envolvidos são os mesmos milhões de pessoas representadas pelos milhões de pontos no mapa acima (você está lá: cada ponto colorido é um habitante do país). Tamanho é o problema que dá para vê-lo à distância, como uma foto de satélite. As diferenças entre brancos e negros estão nas estatísticas sobre educação, saúde, emprego e várias outras áreas, mas, em nenhum outro lugar, ela é tão clara como na geografia e na distribuição de raças. A casa grande e a senzala seguem firmes e fortes, mas agora aparecem como centro e a periferia.

Rodrigo Bertolotto

Repórter do UOL Notícias. Exercita um jornalismo do tipo utópico e espera uma sociedade futura em que genótipos, fenótipos e estereótipos não tenham importância.

tabuol@uol.com.br

Esta reportagem também contou com apoio de:

Patadata, agência de visualização de dados; 7Íris Filmes, produtora de vídeo; Lucas Lima, fotógrafo; Daniel Neri, Mateus Fini, Gabriela Beauclair e Sayonara Romão, modelos; Ricardo D`Addio, Mariah Kay e Eduardo Bonavita, gravação em estúdio; Prefeitura e Câmara Municipal de Cunhataí (SC); Comunidade Quilombola de Paus Altos, em Antônio Cardoso (BA); e Lígia Hipólito, jornalista

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