SOCIEDADE

boa hora?

Mortalidade e violência obstétrica ainda são mais frequentes entre mulheres negras

O debate sobre parto humanizado tem ganhado popularidade. Os avanços, no entanto, são poucos para as mulheres negras

Em 2015, a Agência Nacional de Saúde Suplementar criou a Normativa nº 368, que dá à gestante informações essenciais para decidir sobre seu parto

Bastante vulneráveis durante o parto, muitas mulheres sofrem as consequências de decisões de que não participam

Em 2015, TAB publicou um especial sobre o tema. Naquela época, 52% dos partos no Brasil eram cesáreas. O recomendado pela OMS é o índice ficar entre 10% e 15%

Dados preliminares de 2019, disponíveis no Datasus, mostram que 56% dos partos foram cirúrgicos. Houve aumento.

Em alguns casos, cesáreas são consideradas um tipo de violência obstétrica, assim como a episiotomia desnecessária e dar ocitocina à parturiente para forçar contrações

Em 2018, foram registrados 1.658 óbitos maternos no Brasil. Entre essas mulheres, 505 eram brancas (30%) e 1.081 eram pretas ou pardas (65%). Os dados são do Datasus

Para efeito de comparação, cerca de 48% das mulheres brasileiras se declaram brancas, e 49% se declaram pretas ou pardas, segundo dados do censo 2010 do IBGE.

Mas o parto humanizado vai além do tipo de nascimento. Quando as cesáreas são a única opção, tornam-se uma forma de violência.

Uma notícia positiva é que pretas e pardas fazem menos cesáreas que brancas. No SUS, a cirurgia é um pouco menos comum do que na rede privada.

O parto deveria sempre ter sido humanizado. Mas, depois que entrou no hospital, começou a se distanciar disso. Ele é feito no hospital só por segurança

João Steibel, obstetra, em entrevista ao TAB em 2015

Desigualdade de renda entre brancas e negras espelham o cuidado recebido.
Negras contam não serem levadas a sério quando se queixam de dor, no nascimento natural de suas crianças.

O estudo “A cor da dor: iniquidades raciais na atenção pré-natal e ao parto no Brasil”, mostra que elas têm 50% menos chance de receber anestesia caso seja feita episiotomia (corte do períneo, não recomendado)

No Brasil, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, instituída em 2009, procura combater desigualdades raciais na saúde, mas fica restrita ao SUS, e nem sempre é respeitada.

Além das leis e resoluções, o direito de contar com uma doula durante o parto (além de acompanhante) é reconhecido pelo
Ministério da Saúde.

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Edição
Olívia Fraga

Reportagem
Carina Martins e Luiza Pollo

Publicado em 31 de outubro de 2020.

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