Nina Rocha/UOL
ARTE & DESIGN
PROFISSÃO OBJETEIRO
Antônio Carlos Figueiredo garimpa itens e histórias que despertam o interesse popular no Museu do Cotidiano, em Belo Horizonte
Quem frequenta sebos, antiquários, bazares e feiras de antiguidades em Belo Horizonte (MG) provavelmente já se encontrou com Antônio Carlos Figueiredo garimpando objetos curiosos pela cidade
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Há 29 anos, o economista coleta objetos para seu Museu do Cotidiano. Os critérios que determinam se os itens vão ou não para exibição são subjetivos: se é algo inusitado ou tem boa história, está apto a fazer parte do acervo
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O macacão de Ayrton Senna, morto em 1994, é uma das peças. O piloto de Fórmula 1 costumava presentear membros da equipe com roupas das corridas. Um mecânico da Honda, casado com uma brasileira, foi um dos contemplados. Depois de sua morte, a viúva vendeu a peça para o Museu
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O galpão de 600m² localizado em uma sobreloja de um prédio residencial na Rua Bernardo Guimarães, próximo à Praça da Liberdade, tem histórias subindo pelas paredes, literalmente
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Para caçar peças, Antônio Carlos desenvolveu métodos tão curiosos quanto os objetos. “Entro em um ônibus sem saber para onde vai. Onde descem mais pessoas, vou junto e procuro lojas, bazares, ferros velhos."
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No museu, um simples furador de papel traz um pedaço da vida noturna de BH. “Nos anos 1950, a rua Guaicurus era famosa pelas boates de prostituição. Cada cliente recebia uma cartela, e os picotes registravam quanto tempo eles ficavam com as dançarinas.”
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Uma placa de bronze fixada em uma das paredes pertenceu ao Atlético Mineiro entre 1929 e 1968. O estádio foi demolido em 1994 e deu lugar a um shopping. Antônio Carlos avisa que tem interesse em vender a placa para quem queira presentear o time. O valor: US$ 10 mil
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A placa acrílica de um hotel de luxo que funcionou entre 1978 e 2018 pode não despertar muito interesse. Mas o prédio de 25 andares tornou-se patrimônio cultural da cidade e foi palco de histórias protagonizadas por artistas, atletas, políticos e anônimos
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Vários objetos ajudam a contar a história do Brasil República: de caixas de fósforos comemorativas da inauguração de Brasília, em 1961, à flâmula da campanha de Jânio Quadros à presidência
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“É interessante perceber
que a sociedade teve uma necessidade e alguém criou um objeto a partir dos materiais que traziam essa solução. A partir daí, eles vão sendo aprimorados
Antônio Carlos Figueiredo
O dono do museu conta que não é raro que as pessoas confundam o museu com loja de antiguidades ou de artigos para decoração, então avisa: “Aqui não tenho objetos decorativos. Tenho objetos 'decolativos', que transportam as pessoas para outros lugares”.
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Uma coleção com mais de 100 imagens de Santo Antônio chama atenção. Disposta no formato de procissão, foi escolhida por causa do nome. “Me chamo Antônio por causa do santo, pois nasci próximo ao seu dia."
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Para conhecer o Museu do Cotidiano, na rua Bernardo Guimarães, 1.296, é preciso agendar antes. As visitas são gratuitas. O museu também está no Instagram: @museudocotidiano
Edição
Luiza Sahd
Reportagem
Nina Rocha
Publicado em 29 de março de 2021.