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Conversas sobre comportamentos e tendências que fazem a cabeça dos brasileiros


CAOScast: Poder estudar em casa é mais um abismo a separar ricos e pobres

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Do TAB

08/04/2021 04h01

Quando as aulas foram para a plataforma online com o agravamento da pandemia do novo coronavírus, como decidir onde fica a escola? Será que ela está na casa dos alunos? Na casa dos professores? Ou, ainda, na nuvem? De uma hora para a outra, um país com tanta desigualdade na educação como o Brasil precisou adaptar a formação intelectual e social de crianças, jovens e adultos na marra.

E você já sabe: se tem mudança de comportamento, tem episódio do CAOScast sobre o tema. Nesta semana, a trupe de caóticos discute como o ensino a distância vem acontecendo a trancos e barrancos, e quais podem ser as consequências dessa mudança súbita.

?A gente não pode começar dizendo que o problema do aluno brasileiro hoje é estudar à distância, porque tem muita coisa por trás disso. Além da discussão ser muito complexa e muito ampla, ela vem lá de trás?, avalia a pesquisadora Rebeca de Morais (ouça acima, a partir de 5:37).

Tiago Faria, também pesquisador, lembra que no PISA 2018 (Programa Internacional de Avaliação de Estudante, na tradução do inglês), avaliação mais recente, o Brasil ficou entre os dez piores países na avaliação de conhecimentos sobre matemática, entr os 20 piores em ciência e entre os 30 piores em leitura.

E o histórico do país com EAD não é de hoje. Do Instituto Radiotécnico Monitor, fundado em 1939 e que trazia aulas pelo rádio, ao Telecurso da década de 1970 e chegando às plataformas online atualmente, sempre foi um desafio levar educação a quem não pode estar presente fisicamente na sala de aula. A diferença é que, com a pandemia, isso se aplica a todos.

A educação a distância vem, então, como uma solução para tapar alguns buracos no ensino brasileiro há anos, mas sem nenhum grande projeto unificado para nivelar esse ensino, observam os caóticos.

No momento de pandemia, a escola se desmaterializa por completo e escancara falhas passadas, define a líder de pesquisa da Consumoteca, Marina Roale, no episódio. ?Quando a gente fala de criança e adolescente, tem que se fazer outras perguntas. Porque quando a gente fala de escola para eles, o importante é só o conteúdo? É só transmitir ?olha, tem aqui trigonometria, tem que aprender o conteúdo que eu vou jogar em você e você assimila?, ou tem outros papéis também, como aí trouxemos de vários teóricos, que é a formação cidadã, aprender a conviver, ter disciplina? Toda escola é esse preparatório para conviver em sociedade?, afirma Roale (a partir de 12:35).

Mesmo no ensino superior há desafios, observa o antropólogo Michel Alcoforado, que também é colunista em TAB. ?Num cenário cultural em que o diploma ainda vale mais do que qualquer coisa, em que as pessoas estão tão preocupadas com diploma, porque verdadeiramente ainda tem impacto na vida delas ter diploma ou não ter, o EAD pode virar um grande bacanal, né? Uma grande loucurinha que ninguém sabe quem está fazendo o quê?, diz (a partir de 9:20).

Mas, como sempre, os caóticos não trazem só problema. Tem dica de ouro para quem tem planos para mudar a educação — dos alunos às grandes empresas do setor —, sobre como usar esse momento para colocar em prática as tão esperadas mudanças educacionais no Brasil. Você confere tudo isso no episódio de CAOScast disponível acima.

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