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'Amo ver meu namorado com outra', diz mulher que tem fetiche em ser corna

Adams Carvalho/UOL
Imagem: Adams Carvalho/UOL

Lary Martins

Colaboração para o TAB, de Lisboa

29/08/2023 22h00

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Foi num bar em Balneário Camboriú (SC), após o Carnaval, que Maju, 24, e André, 40, ficaram magnetizados por uma jovem de pele bem branca, tipo boneca de porcelana, com cabelos pretos como a noite e olhos azuis marcados com delineador. De batom escuro, vestia coturnos, uma saia midi que deixava a lingerie à mostra e uma regata que marcava o seio e o piercing que tinha nele.

O seio era lindo, nem grande nem pequeno. Perfeito, segundo Maju. A cintura fina ajudava a destacar a bunda gostosa, redondinha. O casal não pensou duas vezes: para eles, ela era a "gótica rabuda". Carinhosamente, claro. Ela foi a primeira mulher que eles levaram juntos para a cama.

Depois de muitos beijos, duplos e triplos, o clima esquentou e os três foram para casa do casal. Primeiro elas se pegaram na sala, enquanto ele fazia uns drinques. Quando o trio foi para o quarto, Maju se descobriu: "A satisfação enorme que senti ao assisti-los me deu a certeza de que amo ver meu namorado comendo outra menina". Maju é uma orgulhosa "cuckquean".

Enquanto o namorado e a convidada se beijavam, despiam-se e iam se enrolando na cama, Maju ficava mais excitada. Foi ali que viu que queria mais era só observar. "Ele colocou a mão na buceta dela e ficou brincando. Pelo barulho, dava pra perceber que ela estava muito molhada. Quando ele tirou a mão e a colocou na minha boca, eu tive certeza", recorda. "Então ela começou a chupá-lo e eu saí da cama e sentei numa cadeira. Acendi um cigarro e fiquei olhando."

Maju, uma jovem gaúcha de Bagé, com 1,57 de altura, longos cabelos castanhos, esbelta e tatuada, lembra com detalhes dessa noite. "Ela tinha um gemido bem fino e alto, semelhante aos de anime", relata. Aos seus olhos, o namorado transou bem, transou bonito, fazendo a convidada de honra gozar. "E eu gozei junto, me tocando por cima da calcinha, assistindo da cadeira. Ele dormiu. Ela e eu conversamos mais um pouco até o dia clarear — e ela ir embora."

Pouquíssimo tempo depois, Maju se tornou @babylizz, a tiktoker que faz sucesso compartilhando momentos íntimos como espectadora das transas do namorado. Ela conta que nem era afeita ao TikTok, mas que André lhe convenceu de que era "a cara" dela. Foi na plataforma, aliás, que ela descobriu a expressão "cuckquean" para o fetiche de ser corna que diz sempre ter carregado consigo.

Um dos primeiros vídeos a viralizar foi um em que Maju, sentada num sofá, dizia esperar "pacientemente" uma amiga se despedir de seu namorado, segundo a legenda - ao fundo, é possível ouvir uma mamada daquelas.

Comer com os olhos

Dali em diante, passar de milhões de visualizações ficou mais frequente, e a cuckquean começou a acumular seguidoras - que ou têm curiosidade de começar a praticar sexo a três e de ver seus companheiros transando com outra mulher, ou já são adeptas a essas variações. Também há seguidores que sonham em ter relacionamentos como o de Maju e André.

Eles se conheceram em julho de 2022, por uma amiga em comum. Não muito tempo depois, começaram a namorar. Em janeiro de 2023, saíram pela primeira vez com outra mulher, uma garota que conheceram no Tinder. Foram só beijos e amassos. Menos de dois meses depois, conheceram a inesquecível "gótica rabuda".

Ménage não era exatamente novidade para nenhum dos dois, pois ela já tinha tido a experiência com ficantes, e ele com ficantes e com namoradas. A novidade foi descobrir amar ver André comendo outras mulheres.

André é um consultor gastronômico de 1,74m de altura. Combina, de um lado, um semblante sério e um estilo sóbrio de se vestir (sempre preto, branco ou bege), e, de outro, um ar moderno, com muitas tatuagens. Já Maju gosta de comer com os olhos. Ela sempre lembra que a iniciativa de convidar outras mulheres para a cama partiu dela, e não dele.

Ela conta que precisou insistir para ele topar, para a surpresa de seguidores e seguidoras. Na verdade, ela diz que se incomoda com quem questiona de quem foi a ideia - "tu fica porque gosta ou pra agradar ele?", já lhe perguntaram. "Primeiro, quem pergunta pensa que as mulheres são incapazes de ter fantasias e de correr atrás. Segundo, sou bissexual e namoro um homem, então o homem eu já tenho", explica.

Maju já quis ser enfermeira, inclusive começou um curso de enfermagem. Depois, diz, notou que não era o que queria para a vida. Trabalhou como babá e atendente de loja, até descobrir o fetiche e se tornar tiktoker e produtora de conteúdo adulto no Privacy - hoje, fatura mais em um dia do que tirava em um mês como comissionada em um dos antigos trabalhos. Explodiu tanto, que ela já ofereceu mentorias e iniciou um grupo no WhatsApp para conversar abertamente sobre o assunto com outras mulheres que gostam de ser cornas (até agora, 300 "majuzetes").

Maju e André conseguiram atrair mais dates com o sucesso no TikTok. Uma, do Tinder, é a "víbora". "Sei que não é o nome mesmo, mas ela não quis dizer o real e tudo bem pra gente", relata.

Eles deram "match" às 17h de um dia, às 20h foram buscá-la na casa dela. Foram para o barzinho habitual da cidade. André e a convidada quase se engalfinharam discutindo política e feminismo. Já na casa do casal, a tensão se tornou sexual.

Eles começaram a se pegar, inclusive com uns tapinhas, de ambos os lados - ela dava tapas na cara dele, que ficava cada vez mais excitado, e vice-versa. "Fiquei um bom tempo só olhando esse rolê: eles se batiam e se comiam, trocavam de posição", conta Maju. "Eles transaram por tanto tempo que cheguei a cansar de gozar e de assistir, no bom sentido, claro."