As espinhas assombravam a vida e o rosto de Nydja Lubia na adolescência. Para escondê-las, ela usava produtos químicos e muita maquiagem, que pioravam a situação. "Prometi que se um dia eu não tivesse mais espinhas eu não usaria mais maquiagem." A acne acabou. E, com isso, o uso dos cosméticos. Até que, já adulta, a naturóloga passou a habitar um mundo completamente diferente.
"Comecei a frequentar rituais em que as mulheres se arrumavam não para conquistar alguém, mas para ficarem bonitas para a Deusa", lembra. Os encontros despertaram a vontade de se pintar com cores que a conectassem com aquela força. Para não quebrar a promessa do passado, ela aproveitou seus conhecimentos sobre natureza e passou a misturar o que tinha na cozinha com óleo de coco para se maquiar. Os resultados se tornaram uma marca de produtos naturais, que une saberes ancestrais e rituais de cuidado pessoal.
Longe dos estereótipos medievais, a descoberta do poder pessoal e da sustentabilidade fazem parte do que se entende hoje por bruxaria. "Quando a gente fala no assunto todo mundo pensa em feitiçaria", explica Pam Gaya, que é sacerdotisa Wicca (religião politeísta inspirada em crenças anteriores ao Cristianismo). Mas magias e feitiços são só uma parte dentro da prática. "A base da bruxaria é a volta aos antepassados, ou seja, caminhar com a natureza", diz, lembrando da importância das celebrações que marcam as mudanças da Lua e das estações.