Alianças, traições e vinganças são possíveis desenlaces, tanto nas relações amorosas quanto nas comerciais. E paixões e negócios ilícitos se misturam nas investigações policiais do atentado que chamou atenção para a crescente onda de violência na fronteira com o Paraguai, principal rota terrestre das drogas no Brasil.
Uma garota morre em uma chacina, junto com o namorado. Os principais suspeitos de mandar matar são a ex dele e seu companheiro atual. O enredo até seria convencional se as duas jovens não fossem filhas de políticos influentes e os homens, integrantes do narcotráfico.
Os detalhes dão sabor local. As evidências levaram a Faustino Aguayo, 44, e Mirna Romero, 22, flagrados em uma cela vip com televisão, mesa de bilhar e cama king size na penitenciária de Pedro Juan Caballero, município paraguaio que divide mesma zona urbana com Ponta Porã (MS).
Até se entregar à Justiça (e negociar ilegalmente as benesses prisionais), em maio, Aguayo era o traficante mais procurado do Paraguai. Mirna, que fazia uma visita íntima prolongada, é filha do atual secretário municipal de Saneamento, Oscar Romero, que já foi prefeito interino da cidade fronteiriça.
Mirna fora namorada de Osmar Álvarez, 29, até meados do ano, quando o suposto traficante começou a se relacionar com Haylee Acevedo, 21, filha mais velha do governador do Departamento de Amambay, Ronald Acevedo. O novo casal, junto com duas amigas brasileiras de Haylee, foi assassinado em outubro, quando entravam em um veículo, na saída de uma festa. A camioneta Chevrolet Trailblazer de placa brasileira (roubada em Navegantes, SC) que Álvarez dirigia naquela noite foi atingida com mais de 100 tiros. A polícia paraguaia suspeita que Aguayo tenha sido o mandante.