Em outubro de 2019, Pabllo Vittar lançou "Parabéns", música em parceria com o veterano do pagode baiano Psirico, como o primeiro single de seu terceiro disco. O brega, o forró e até a música romântica que a drag ouvia no rádio durante sua infância no Maranhão e Pará são parte desse e de outros hits seus, lançados nos últimos três anos, como "K.O.", "Corpo Sensual", "Seu Crime" e "Problema Seu".
Toda a mistura de gêneros tradicionais com batidas eletrônicas e melodias sintetizadas invocada por Pabllo dá uma nova cara ao pop, diferente do pastiche de músicas norte-americanas produzidas por aqui em outras décadas. Ainda assim, ela é sumarizada em uma só categoria de gênero musical: o pop.
No Brasil, esse termo evoca sonoridade e estética completamente diferentes do que entendemos como música popular brasileira ou MPB. O que, então, poderíamos definir como pop? No conto "Um Homem Célebre", de Machado de Assis, Pestana é um compositor talentoso de polcas que morre desgostoso por não ter chegado aos pés de Mozart, Beethoven e Chopin. No século 19, o termo "música popular" representava muito mais a origem - o fazer musical que partia das comunidades "populares" - do que o fato de a música ter se popularizado.
Hoje, as estatísticas definem o que é ser popular e massificado. Dados da Playax, empresa que analisa a audiência de música em diversas plataformas, mostra que Anitta, MC Kevinho e Marília Mendonça são os artistas mais populares entre os gêneros preferidos do público: pop, funk e sertanejo. Mas nem por isso sua criação é simples ou tosca. Para grudar nos ouvidos e fazer dançar, o processo de criação tem abraçado mais a sonoridade do Brasil, misturado cada vez mais os gêneros e aberto espaço para cada vez mais colaboradores.