Com a negritude representando apenas 5% dos comissários e 2% dos pilotos comerciais no país, muitas vezes as comissárias de bordo Kenia Amorim e Laiara Borges são as únicas negras num voo - contando os passageiros.
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Comissárias criam movimento "Pretos que Voam" para aumentar a representatividade negra na aviação brasileira
oferecido por Joca RodriguesCom a negritude representando apenas 5% dos comissários e 2% dos pilotos comerciais no país, muitas vezes as comissárias de bordo Kenia Amorim e Laiara Borges são as únicas negras num voo - contando os passageiros.
Se não me falha a memória, na minha formatura eram 72 alunos e eu era a única pessoa negra. Não tive professores negros, nem colegas.
As dores e a solidão desse tipo de vivência fizeram com que elas se encontrassem nas redes sociais. "Lembro que o dia que a gente se conheceu, passamos no mínimo umas duas horas falando e falando sem parar no telefone". Com muita conversa e troca de experiência, decidiram se movimentar juntas e criar um projeto para que mais negras e negros soubessem que eles também podem sonhar com os céus. "Eles não podem sonhar com o que não conhecem", conta Kenia, por experiência própria. Apaixonada pelo céu desde criança, ela descobriu que também dava para ver o mundo a partir do alto quando, aos 16 anos, teve a oportunidade de andar de avião pela 1ª vez. Nesse dia, descobriu que poderia ser comissária. "Muitas famílias negras nunca viajaram de avião, então eles não sabem que há essa opção", diz. Essa possibilidade não faz parte sequer do imaginário de muitos jovens.
"Às vezes, coisas simples fazem diferença. Agora, com os alunos bolsistas, ouvimos, por exemplo, 'minha prima me viu com o uniforme da escola e já falou que também quer ser aeromoça'. Então, a pessoa nem está trabalhando ainda e já está afetando a comunidade dela", explica.
Os bolsistas a que ela se refere são os 12 alunos da primeira turma do Pretos que Voam, uma das iniciativas do coletivo que criou com Laiara. Prestes a formar a primeira turma de comissários apenas com alunos negros do Brasil, a ação coleciona conquistas inéditas: são responsáveis também pelo primeiro edital público da aviação civil brasileira, que garantiu as bolsas desses 12 negros que estarão prontos para voar no final de 2021. Aberta em 2020, a seleção teve mais de dez candidatos por vaga. Agora, para a próxima edição, elas querem ampliar as vagas, a abrangência geográfica e as possibilidades.
"A gente sempre fala que quem trabalha na aviação, trabalha em qualquer lugar", diz Laiara. Ela destaca que são muitas as habilidades adquiridas na preparação e na profissão - por exemplo, lidar com pessoas culturalmente diferentes e situações inesperadas - que podem ser usadas em qualquer carreira.
"O Pretos que Voam é além de voar em aviões. É voar na vida, voar para sonhos. Fazer as pessoas sonharem com algo que elas nem sabiam que existiam. Pense, como é limitador: se você não conhece, você não sonha. O que a gente traz é isso: você pode sonhar com esse espaço, porque ele existe. E nós estamos aqui para te apresentar a ele e ser seu suporte".
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