A lupa da série Brasil dos Privilégios ajustou o foco nesta semana para detalhar o que acontece na AGU (Advocacia-Geral da União). E as distorções não são pequenas. Os repórteres Amanda Rossi e Mateus Coutinho mostram que, desde 2017, a União foi obrigada, por lei federal, a abrir mão de R$ 11 bilhões em recursos para pagar um bônus mensal a advogados e procuradores federais. É dinheiro que antes ia para a União e agora vai para uma entidade que se define como privada. A distribuição do adicional fez com que, em setembro de 2024, 96% dos advogados e procuradores da ativa ganhassem o teto do funcionalismo público ou um pouco mais. As demais reportagens da semana mostram que o problema se agrava. Entenda: Entidade que paga bônus tem caixa-preta O CCHA (Conselho Curador dos Honorários Advocatícios) se define como entidade "privada", resiste à fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) e não presta contas sobre como gerencia os recursos. A AGU (Advocacia-Geral da União) diz que a entidade não é alcançada pela Lei de Acesso à Informação. AGU deu parecer sigiloso pra pagar bônus fora do teto A partir de 2022, o CCHA criou ao menos quatro subtipos de bônus que ultrapassam o valor base do teto, com aval da AGU - que diz que os pareceres estão em sigilo. É uma espécie de penduricalho que traz um 13º do bônus, reembolso de 8 anos de anuidades da OAB, auxílio-saúde adicional e auxílio-alimentação. A AGU defende o bônus, dizendo que ele é uma forma de remunerar performance - apesar de ser pago a todos, independentemente de sua atuação. Elite do Judiciário tem 35% da renda livre de impostos Além de se debruçar sobre as benesses a advogados públicos, a série Brasil dos Privilégios mostrou outras facetas dos penduricalhos aos magistrados, a categoria que mais conta com penduricalhos. São tantos adicionais com isenção fiscal que a elite do Judiciário já tem 35% da remuneração que recebe livre de impostos. E a concessão de privilégios não para, como mostram esses exemplos recentes: TJ-MA compra iPhones de última geração para desembargadores O Tribunal de Justiça do Maranhão justifica a compra de 50 iPhones 16 Pro Max, a R$ 11,5 mil cada, como "essenciais" para a produtividade dos desembargadores. TJ-SE aprova 9 anos retroativos de gratificação sem saber o valor exato O Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE) aprovou em 30 segundos o pagamento retroativo de uma gratificação extinta, sem calcular o impacto orçamentário. A série de reportagens deve continuar a jogar luz sobre os grupos que recebem tratamento preferencial do Estado. Acompanhe as novas reportagens nesta página. |