'Chorei, só não disse por onde': meu primeiro ménage só entre garotas
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Para ser feliz a gente tenta muitas coisas. Antes de escrever livros sobre sexo — e me encontrar nisso —, mergulhei de cabeça na espiritualidade, algo que sempre gostei de explorar. Nos tempos de faculdade, me tornei evangélica. Tinha acabado de me relacionar sexualmente pela primeira vez e estava muito empolgada, mas passei a viver um conflito entre o que a religião pregava e o que meu corpo desejava. Precisei escolher. Saí da igreja e decidi explorar minha sexualidade pra valer.
Depois de me formar em comunicação, fui estudar artes cênicas. Trabalhava em uma multinacional francesa, mas não estava feliz. Pedi demissão e troquei o terninho do mundo corporativo pelos palcos. No teatro, encontrei a liberdade que ansiava e descobri um prazer incrível em me expressar expondo meu corpo. Nessa mesma fase, comecei a esboçar alguns textos, mas não mostrava para ninguém. Um dia, tomei coragem e mostrei para um amigo, que me encorajou a escrever um livro sobre sexo. Passei a falar sobre sexualidade abertamente nas minhas redes sociais, vivendo e provando quem me dá vontade. Em meio a tantas experiências que vivi ao longo da vida, ainda não tinha me aventurado num "ménage à trois" com duas garotas.
Em meio a tantas experiências do corpo e da alma que vivi ao longo da vida, ainda não tinha me aventurado num "ménage à trois" com duas garotas. Não gosto de forçar nenhuma situação, sempre preferi deixar tudo nas preciosas mãos do acaso. Afinal, as coisas mais loucas acontecem quando a gente menos espera.
E assim aconteceu.
Rebeca era uma seguidora fiel, sempre curtia minhas postagens e, de vez em quando, comentava timidamente. Um dia, inspirada e cheia de más intenções, postei uma foto bem sensual. Dessa vez, Rebeca não se conteve e escreveu: "Chorei, só não disse por onde... Eu e minha namorada morremos de vontade de te conhecer".
Prontamente me senti instigada. Tal convite pareceu um refresco em meio à selva de caralhos desgovernados em que me encontrava. Respondi: "Vamos marcar!"
Rebeca e Maria Eugênia, sua parceira, não estavam brincando. Eu também não. Marcamos às 4h da tarde, num sábado de outono.
De cara, me senti à vontade com Maria Eugênia e Rebeca; abrimos um vinho, trocamos elogios. Não demorou muito pra gente soltar a língua. Perguntei do que gostavam de fazer na cama, como gozavam, se transavam com frequência, se gozavam sempre. A conversa começou a ganhar tonalidades marcantes e logo notei que já estávamos trepando através das palavras.
Contei pra elas que eu tinha uma posição mal resolvida no sexo lésbico: a tesourinha. Pouquíssimas vezes consegui realizar essa prática e isso me frustrava, pois só imaginar clitóris com clitóris se esfregando já me deixava excitada. Elas riram e me contaram que não é tão simples encaixar; depende de alguns fatores, como tamanho e disposição dos corpos. Mesmo assim, perguntei, maliciosamente, se elas poderiam me ajudar. Um clima de mistério se instaurou, e percebi que a aventura ia começar.
Rebeca encheu nossas taças de vinho. Brindamos. Apertou minha cintura, cheirou meu pescoço. Fiquei imóvel e arrepiada, sentindo cada movimento. Maria bebeu de minha taça, colocou na mesa ao lado e veio me beijar, decidida.
Caímos na cama. Rebeca sentou na cadeira, incorporando a voyeur, dedilhando seu corpo. Enfiei a mão dentro da calça de Maria Eugênia. A bicha tava encharcada. Enlouqueci.
Rebeca apagou o cigarro, levantou-se e, gentilmente, tirou a calça de M.E. Agradeci com um olhar libidinoso e me pus a lamber seu corpo delicioso. Comecei pelos pezinhos, me perdi nas coxas, dei mordidinhas na barriga tatuada, agarrei a bunda — quis tudo ao mesmo tempo! Pedi pra M.E. sentar na minha cara. Ela me encarou por alguns segundos. Nunca vi a lascívia tão de perto.
Ela ficou inteira na minha boca. Suguei delicadamente. Enquanto isso, a ruiva afastou minhas pernas, me abocanhou e lambeu com vontade. Estremeci. Ofegamos todas, como num coro bem ensaiado.
Dei um jeito de enfiar a língua e ela abriu o rabo, me sufocando. Entrei em transe. Tiramos a meia arrastão de Rebeca. Desci a calcinha lentamente, na ânsia de conhecer aquela buceta de pertinho. Cheirei, lambi, engoli, me desequilibrei. Caí em cima dela — a única opção era grudar em seu corpo. Nos olhamos. Sorrimos.
Chegou a hora de arriscar a tesourinha. Me esfreguei com fé. Nossas bucetas se encontraram e encharcaram. Fiquei um tempo desfrutando daquele movimento. Rebeca me olhou tesuda, enquanto acariciava seus peitos arrepiados. M.E. se masturbava. Ofereci a buceta de Rebeca para ela, que arremessou a língua pra fora. Rebeca explodiu. Sedenta, lambuzada, fora de si, M.E. me buscou com a boca. Me chupou com aquele olhar que somente Capitu seria capaz de reconhecer.
Eis que surgiu Rebeca por trás, pelada, enrabando a bundinha empinada de M.E. Esfregou a pélvis, impelindo Maria a me chupar mais profundamente. Cravou os olhos em mim, me desafiando a gozar em sua boca. Contemplei Rebeca e desacreditei.
Devidamente gozadas e com aquela sensação inenarrável de se sentir viva, devoramos guloseimas na cama e conversamos amenidades. Reparei que elas estavam ainda mais lindas ainda; gozar faz a gente brilhar diferente.
Nos despedimos calorosamente, ansiosas pelo próximo encontro. Fechei a porta e fiquei um tempo parada, impactada com o que aconteceu — a cama toda revirada, as taças sujas, as roupas no chão, os vestígios. O sexo: que porra é essa que enfeitiça a humanidade?
*Abhiyana é conselheira sexual, autora do podcast 'Textos Putos' e dos livros 'Pequenos Textos Putos & Ilustrações Pornográficas Aleatórias' (2017), 'Por que gozar é tão bom?' (2018) e 'O manual do sexo anal' (2021).
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