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'Gozam litros': ela ensina mulheres a penetrarem seus parceiros

Layse Almada/UOL
Imagem: Layse Almada/UOL

Colaboração para o TAB, de São Paulo

25/10/2022 22h00

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"Você nem pensa em outra coisa quando olha para a cara de seu parceiro louco de tesão, com o pau duro, prestes a gozar litros", me disse Dommenique Luxor, 44, historiadora que já foi dominatrix e dá cursos online sobre sexualidade. Eu havia perguntado se suas alunas ficam constrangidas na hora de colocar em prática o "pegging" — quando mulheres usam consolos para penetrarem o parceiro. Se na mesa de bar o assunto é tabu e ainda rende risadinhas envergonhadas, Luxor garante que na intimidade do lar ele tem sido muito aceito. Tem muita mulher comendo gente por aí e eles têm se divertido bem mais do que se imagina.

Ela conta que conheceu o "pegging" em relacionamentos "normais", nada a ver com BDSM — embora ele possa ser praticado por quem curte dominação.

"Quando você quer fazer sexo anal, não precisa dizer isso claramente. Vai dando sinais, empinando a bunda, sugerindo de algumas maneiras, e o parceiro vai entendendo. Com o homem é a mesma coisa", ela diz. Entre os conselhos, tocar o próprio ânus, mostrar que gosta e perguntar se ele quer experimentar pode funcionar para entender até onde vai a vontade. "E, se os caras disserem 'não me toque aqui', precisam ser respeitados, como a gente quer ser respeitada. Nada de julgar, sair dizendo que ele é careta", frisa.

Quando o "pegging" acontece, ela garante que o prazer masculino é tanto que acaba excitando ainda mais as mulheres. "Na primeira vez em que vi um homem sendo penetrado na minha frente, fiquei impressionada. Era um descontrole de prazer — não uma performance ou imitação de filme pornô. A gente, que tem familiaridade com masturbação e vibradores, sabe a intensidade com que o orgasmo vem. Sabemos quando vamos gozar muito forte. Então, reconhecer o nível de prazer que o outro tem nos deixa vaidosas e excitadas. Aí vira aquele sexo impressionante que te faz perguntar 'o que foi isso?'. Não dá para pensar se é ou não viado, o que é normal ou não... Ele apenas vai em frente."

Estava em uma cama de solteiro, em uma república de faculdade, pegando o cara forte. Ele já tinha me chupado várias vezes e eu tinha gozado em todas. De repente, ele começou a direcionar minha mão para a bunda dele. Nem entendi direito o que estava acontecendo, porque nunca tinha feito nada parecido. Apertei a nádega e ele continuou empurrando minha mão para lá. Eu estava por cima, e ele, deitado, olhou bem nos meus olhos e disse: enfia o dedo. Não achei que aquilo era possível -- ele era mais novo que eu e normalmente os caras estão muito preocupados em mostrar virilidade. Mas fiz o que ele mandou e entendi que não tinha nada a ver com virilidade. O pau dele foi ficando muito duro e eu senti vontade de descer e chupar, enquanto continuava enfiando o dedo e mandava ele segurar para não gozar. Eu queria muito dar para ele antes, mas ele gemia alto. Alguém poderia chegar e precisávamos ser rápidos, ficamos muito tempo ali. Uma hora, ele disse que não ia aguentar e eu parei de chupar, mas continuei enfiando o dedo. Falei para ele segurar, porque ainda tinha que me comer. Ele ficou por cima de mim, mas eu tinha ficado tão excitada que gozei muito rápido, e ele gozou junto comigo. Já tínhamos transado várias vezes, mas essa foi memorável. Até hoje, quando nos vemos por acaso, quase 20 anos depois, nos olhamos com a cumplicidade de termos vivido aquilo.
K.G., 38 anos

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Imagem: Layse Almada/UOL

O prazer de ser penetrado

O "pegging" pode fazer parte da rotina de um casal ou acontecer em situações específicas, como tudo que rola na vida sexual de duas pessoas. A dor pode ser um impedimento: toda mulher sabe que práticas sexuais, e não só sexo anal, podem ser doloridas, mas para eles isso pode ser esquisito. A chave é insistir. Aprender sobre sexo anal para "não pensar logo de cara que cu é tudo igual" é outra orientação.

Quem conhece a prática e sabe o que funciona para si pode conversar sobre isso de um jeito leve e erótico. "Do mesmo jeito que um homem diz 'vou te lamber inteira', a mulher pode dizer 'vou lamber teu cu e vou te comer'. Não é porque é um homem sendo comido que seria diferente, ué", diz Luxor.

Olhar para a bunda do cara com desejo pode ser um bom afrodisíaco e primeiro passo para fazer com que o casal se solte. Ele não precisa se sentir à vontade para falar sobre isso, mas estar livre na cama é primordial.

A ex-dominatrix aconselha a explorar o corpo dele, enfiar um ou dois dedos no máximo, passar a mão por fora, passar a língua e, se tiver vontade, falar putaria. Dar uma chupada é bom; usar lubrificante, também. "Enfie os dedos até onde conseguir sentir uma parte mais durinha e peça para ele bater punheta até gozar, para você entender o que a próstata faz quando o homem goza. Aí vai dar para saber o que precisa ser estimulado na penetração."

Quando chegar à fase da penetração com ajuda de brinquedinhos, é legal pensar que o dildo é a extensão do corpo da mulher e precisa ser bem acoplado para que o movimento seja sincronizado. "O ideal é que a mulher conduza a situação até chegar o momento em que ele vai estar à vontade para verbalizar o que quer. Usar uma cinta confortável, que não machuque, é primordial. E precisa prender bem nas coxas e cintura: não adianta nada ficar metendo e o dildo ficar solto da cinta e não se mexer dentro do cara", aconselha.

A sensação de ver a parceira ativa pode abrir um leque de possibilidades de erotismo e fantasia na cabeça do homem. "O homem vai dando respostas e a parceira retribuindo. Tudo isso faz com que o gozo seja melhor, com que o cu esteja mais relaxado. E aí vem aquela sensação de vaidade: 'eu sou a mulher que proporciona todo esse prazer para ele'." Quem foi aluna de Luxor garante que a relação ficou mais prazerosa quando passaram a regular o ambiente sexual e perceberam o poder que tinham sobre isso.

A primeira vez em que chupei o cu de um cara foi meio imprevisível: eu estava fazendo um sexo oral clássico, passei a chupar o saco e fui descendo. Quando me dei conta, ele estava virado de costas, agarrando o travesseiro com as mãos, enquanto eu passava a língua por fora e enfiava um pouco. Fui passando a mão devagar e ele não se mexeu, nem tentou impedir. Fui testando, enfiando dois dedos, tirando, colocando de novo devagar... O pau estava tão duro que ele foi ficando de lado, enquanto eu colocava a mão. Não tínhamos um vibrador ali, mas, se tivéssemos, com certeza eu colocaria, porque ele estava completamente entregue. Quando encostei no pau, ele gozou de um jeito que nunca tinha visto. Quando acabou, senti um prazer diferente das outras transas que tivemos. Ver uma pessoa tão excitada daquele jeito, em outro planeta, do jeito que ele estava, foi muito gostoso.
T.W., 29 anos

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Imagem: Layse Almada/UOL

Segredinho gostoso

Quando o "pegging" vira algo natural, a dinâmica faz os caras pensarem: "Eu nunca fui feliz como agora". "Eles saem do armário sem precisar sair!", Luxor diz, aos risos. O orgasmo depende da fantasia, da historinha que o casal contou um para o outro. "Pode ser que, depois de tudo isso, um cara só goze comendo o cu da mulher e a chamando de vagabunda", ela sugere. Se dá certo entre o casal, ok. O corpo é livre. Tem a ver com memória, fantasia, paisagem, como você se vê na relação — liberdade para saber como quer gozar. Só assim o corpo goza em liberdade.

Já penetrei meu marido várias vezes. Às vezes colocava o dedo, mas também já fiz com vibrador. É algo que adoro, fico excitada só de pensar. Acho que a tara é mais minha do que dele, mas ele não tem problema nenhum com isso. Ele fica na posição de frango assado e eu uso o vibrador, enquanto ele bate punheta. Vou devagar no começo, com bastante lubrificante, e depois começo a colocar com mais velocidade e força. Nunca usei cinta e nem sinto falta. Quando ele goza, acho empoderador: eu fiz esse cara gozar.
C. L., 34 anos