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Advogado deixa defesa de hacker após encontro com campanha de Bolsonaro
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O advogado Ariovaldo Moreira, que defendia o estudante de direito Walter Delgatti Neto, o "hacker de Araraquara", no processo relativo à Vaza Jato, deixou o caso após um encontro do (agora ex) cliente com integrantes da campanha de Jair Bolsonaro, em Brasília. Na viagem estava prevista uma reunião com o próprio presidente.
Segundo a coluna apurou, Delgatti viajou à capital federal no domingo (7) a convite dos dirigentes do PL (Partido Liberal).
No encontro foi questionada a opinião do hacker sobre a segurança das urnas eletrônicas. Os participantes do encontro também demonstraram curiosidade em relação aos bastidores da Vaza Jato — o hackeamento de conversas de políticos e membros do Poder Judiciário que colocou Delgatti no centro de uma reviravolta política. Após a divulgação das mensagens, foram anuladas as sentenças contra o ex-presidente Lula impostas pela Justiça Federal do Paraná.
Moreira voltou para Araraquara, onde trabalha, na quarta-feira (10), e não vai mais defender Delgatti no processo que apura a interceptação das mensagens nas contas do Telegram de cerca de 200 autoridades.
O rompimento entre advogado e cliente aconteceu por discordâncias sobre o "andamento da conversa" em Brasília. Moreira também não gostou da sugestão de que o então cliente fizesse reuniões desse tipo sem sua presença.
Procurado, o advogado disse estar chateado, mas não soube dizer se Delgatti continua em Brasília ou o que foi oferecido a ele. A coluna tenta contato com o hacker.
Moreira também preferiu não comentar se o encontro com Bolsonaro de fato aconteceu.
Delgatti viajou a Brasília cerca de dez dias após se encontrar com a deputada Carla Zambelli (PL-SP) em um hotel em Ribeirão Preto, onde ele mora desde que deixou a prisão. Ele responde ao processo em liberdade, mas, em razão de uma medida cautelar, não pode acessar a internet sob o risco de voltar a ser detido.
Em suas redes sociais, Zambelli postou uma foto do encontro, ocorrido em 28 de julho, com "o homem que hackeou 200 autoridades, entre ministros do Executivo e do Judiciário brasileiro".
"Muita gente deve realmente ficar de cabelo em pé (os que têm) depois desse encontro fortuito", escreveu a parlamentar no Twitter em 10 de agosto. "Em breve, novidades", anunciou.
Moreira alegou sigilo profissional para evitar detalhes da conversa em Brasília. Mas questionou o que Delgatti poderia proporcionar à campanha de Bolsonaro. Para o advogado, o ex-cliente será usado apenas como "troféu". "Mesmo que ele pudesse entrar na internet, o que ele poderia oferecer?", questionou.
Segundo Moreira, tudo o que o hacker obteve nas mensagens interceptadas já é público e foi divulgado. Não haveria, portanto, nenhuma novidade que Bolsonaro e companhia poderiam usar contra adversários já acessados por Delgatti.
De acordo com interlocutores, o hacker "se rebelou".
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