Um casal jovem, trancado em uma cabine, é observado por todos os lados. De joelhos em um banco acolchoado, ela é penetrada por trás por ele, que gosta de ver os pares de olhos famintos excitados, se tocando e provocando.
Janelas não faltam a cada uma das cabines instaladas no labirinto da balada Asha Club, no coração de Moema, bairro da zona sul de São Paulo que é polo das casas liberais da cidade. "Glory holes" (aberturas na parede onde se pratica sexo oral e masturbação, sem contato visual entre os envolvidos), janelões envidraçados, celas e treliças lembram um confessionário. A psicóloga Patrícia*, 27, encontrou o que nem sabia estar buscando: sentir prazer se exibindo, enquanto transava com o parceiro que conhecera dias antes num aplicativo.
"É uma janela, mas também parece um espelho; às vezes o casal do outro lado estava na mesma posição, fazendo a mesma coisa. Dá muito tesão", explica ela, que teve sua estreia no sexo com mais de um parceiro minutos antes.
Com a long neck a quase R$ 25 e um gim tônica a R$ 40, o público majoritário é de casais, homens e mulheres com 35 anos ou mais, gente que trabalha em escritório, sobretudo engenheiros e gerentes de TI. Os homens chegam em trajes "padrão balada da zona sul paulistana": sapatênis, calça e camiseta e camisa lisa. As mulheres vestem minissaias e vestidos curtos, dos quais se livram rapidamente, no meio da balada.
Esta é mais uma reportagem da série publicada pelo Aba Anônima contando o que rola nas casas de swing pelo Brasil.