Do camarote, Cíntia* dá uma panorâmica. "Aqui tem que ser ligeira, ligar o 360." No meio do mar de casais, ela seleciona seus alvos. "Já sei se o cara é roludo só pela postura e o jeito de caminhar."
Ela desce, abre caminhos na aglomeração e encara quem passou pela primeira triagem. Depois da troca de olhares, sorrisos e algumas palavras, Cíntia tateia o desconhecido. "Não sou de muito papo. Ainda mais que estou rouca, e a música está alta."
A boca é uma zona erógena que se meteu a falar, mas sua função vital mesmo é engolir. E Cíntia vai logo enfiando a mão embaixo da camisa dele e desabotoando a calça. É hora de sua cabeça se perder no meio da pista (e no meio do corpo escolhido). Em volta, as retinas masculinas e femininas cravam nela.
Quando emerge, Cíntia se delicia com as caras de desejo na roda que se formou. Nem liga muito quando o ungido elogia sua "boca de veludo" e apresenta sua mulher, que, sorridente, assistia a tudo logo ali perto. Quando pode, ela dá um giro e vai em direção ao bar. "O cara era bico fino. O pau dele não encheu minha boca", sentenciou.
"Preciso beber. Hoje estou muito seletiva. Tenho que baixar um pouco o sarrafo e deixar fluir."
Ela é uma das solteiras que vai para arrebentar na Code Club, casa que inaugurou o nicho das baladas liberais em São Paulo, em 2008, com salas temáticas, ambientes climatizados e DJs sonorizando toda a safadeza. "Não volto pra casa sem gozar e fazer gozar."
Esta é uma reportagem da série publicada pelo Aba Anônima contando o que rola nas casas de swing pelo Brasil.