As marcas da classe social se traduzem nos mais diversos aspectos da quarentena. Embora todos sejam afetados pela pandemia, os pobres serão os mais atingidos pela doença e suas consequências. A começar pelo isolamento: a necessidade de ficar em casa escancarou questões mais profundas sobre temas que variam desde a nossa relação com a ciência, com outros cidadãos, até o acesso à tecnologia no Brasil.
Geovana tem ajudado os filhos nas tarefas escolares realizadas online, já no começo da pandemia. A filha de Daniela, que estuda em escola pública, entretanto, só começou a ter aulas no formato a distância em 27 de abril, mais de um mês depois de decretado o isolamento social no estado de São Paulo. A família correu para improvisar a conexão de banda larga, mas segue sem computador em casa.
"O que a pandemia está fazendo é expor os níveis extremos de desigualdade, não só de renda, mas de raça, gênero e oportunidades. Portanto, a redução da desigualdade tem que estar no centro da resposta a essa pandemia, e às próximas", afirma o cientista político canadense Robert Muggah, um dos fundadores do Instituto Igarapé, com atuação no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e no Banco Mundial.