O cantor norte-americano Post Malone tatuou na testa "Stay Away" (Fique Longe) e conseguiu mais seguidores em suas redes sociais. Parece paradoxal. Mas é a lógica dentro de uma cena musical cada vez mais dependente das plataformas digitais. A transgressão das letras que sobem para a nuvem do Soundcloud ou do Youtube deve ser compatível com um rosto do Instagram rapidamente reconhecível por suas inscrições.
A estratégia de chamar a atenção pelo choque acontece nos EUA e se replica no Brasil, tanto entre novatos do rap quanto no funk. A gravação no rosto parece ser parte de um ritual de passagem (sem volta) para a carreira artística (por vezes os riscos são arriscadamente feitos antes da fama), renunciando a boa parte dos empregos que pedem um padrão de aparência - quem sabe daqui a 10 ou 15 anos uma tatuagem facial seja tão convencional como desenho de coração no ombro é atualmente.
O rosto tatuado é tradição em povos como os maoris da Nova Zelândia e foi adotado por presidiários e gangues no século 20. Agora a decoração tem lágrimas, cruzes, espadas, arames farpados, corações quebrados e até logos de empresas. Ficam na cara os sinais de vidas, valores e provocações.